22/11/2024

Teles entram para o jogo da nuvem no Brasil

Depois do anúncio da Oi, Embratel e Telefônica/Vivo preparam ofertas para disputar clientes corporativos.
As operadoras brasileiras estão acordando para cloud computing. Depois que a Oi anunciou a sua oferta, Telefônica/Vivo e Embratel apresentaram planos para oferecer serviços de TI na nuvem para o segmento corporativo. GVT e TIM/Intelig ainda não se posicionaram sobre atuação nesse mercado para competir com outros provedores como Amazon, Tivit, IBM e HP, entre outros da área de data center. Mas é esperado que elas também entrem nessa seara para incrementar suas receitas.
A Oi saiu na frente ao apresentar esta semana ao mercado brasieiro a sua plataforma batizada “Smart Cloud”, que prevê inicialmente serviços de infraestrutura de TI (Iass) e tem como público-alvo 15 mil empresas de grande porte, que faz parte da base de clientes da operadora. O serviço foi baseado na oferta que a Portugal Telecom, que tem participação na operaradora, já oferece em Portugal.

A Telefônica/Vivo promete lançamento de seu serviço de cloud computing no Brasil até o final do primeiro trimestre deste ano. Segundo Maurício Azevedo, diretor de Marketing para o segmento corporativo da companhia, a operadora vai estender para a América Latina a mesma oferta, lançada pela Telefônica, na Espanha, no final de 2011. 

“Cloud computing faz parte das sete verticais estratégicas da companhia para o Brasil e América Latina. Lançaremos o serviço no primeiro semestre deste ano em cinco países da região”, anuncia Azevedo. Além de Brasil, a plataforma estará disponível na Argentina, Chile, Peru e Colômbia.

Inicialmente, a operadora vai entregar infraestrutura de TI pelo modelo de serviço e depois ampliará oferecendo aos clientes sistemas de comunicação unificada, entre outras soluções. O plano da Telefônica/Vivo é conectar sua plataforma de cloud com os sete data centers da companhia espalhados pelo mundo, sendo cinco na América Latina, um na Espanha e outro nos EUA.


Azevedo conta que a estratégia inicial é oferecer cloud computing para grandes corporações e o alvo da companhia é a base de 2 mil clientes que são os maiores grupos econômicos do País. Numa segunda etapa, a tele atacará as pequenas e médias empresas (PMEs), com ofertas de software como serviço (SaaS). A operadora já está com um piloto no ar para atender a esse segmento. A expectativa do executivo é que nuvem ajude a unidade de serviços de TI da operadora a crescer 25% em 2012.  


A Embratel, empresa do grupo mexicano América Móvil que também é dono da operadora Claro no Brasil, anunciou que seus serviços de cloud estarão disponíveis no País a partir deste mês. A companhia lançará a oferta para todo continente latino-americano, com soluções em quatro de suas principais subsidiárias – México, Brasil, Colômbia e Argentina. 


“A nova oferta complementa o portfólio da Embratel para o mercado corporativo, ampliando a convergência de soluções de TI e de Telecomunicações”, afirma Ney Acyr, diretor executivo da Embratel Empresas. 


A GVT, operadora fixa controlada pelo grupo francês Vivendi, ainda não revelou a sua estratégia para explorar esse segmento. Mas é esperado que a companhia também entre para esse jogo, já que a tele anunciou no ano passado um plano para ofertar serviços de data centers para reforçar suas ofertas para o mercado corporativo.

Já a TIM/Intelig informou por meio de comunicado que “está acompanhando de perto o movimento do mercado em torno da computação em nuvem e irá se posicionar oportunamente sobre o assunto”. Atualmente, apenas a Telecom Itália, sua controladora na Itália tem oferta nessa área.


Vantagem das teles

O negócio de clou computing no Brasil está movimentado. A chegada da Amazon Web Service (AWS) ampliou a competição com prestadores de serviços de TI locais, como Tivit, UOL Diveo, HP, IBM, Locaweb, Alog e Hostilocation, entre outros. As teles devem esquentar essa briga, já que elas contam com algo há mais que os data centers convencionais, como infraestrutura, base de clientes e habilidade em cobrar os serviços.
As operadoras de telecom levam vantagem na disputa do mercado de cloud computing por ter a conectividade e também pela a expertise em bilhetagem. Anderson Figueiredo, analista de mercado da IDC, observa que as teles têm em seu DNA o que os outros provedores não possuem, que é saber cobrar de acordo com o que o cliente consome, pois esse é o negócio delas com telefonia fixa e móvel.

“Mais que ninguém, elas sabem cobrar por uso. Por isso, as teles vão saber mais mostrar aos clientes numericamente as vantagens da contratação de cloud computing”, acredita Figueiredo. Ele constata que muitas companhias não contrataram ainda nuvem porque os prestadores de serviços não conseguem esclarecer o ROI. “As empresas só vão conseguir vender nuvem se provar que é bom”, enfatiza.


O analista da IDC avalia que operadoras demoraram para entrar nesse mercado porque precisavam preparar entender melhor o que é cloud para ajustar suas ofertas de acordo com o que o mercado está pedindo. Porém, não estão atrasadas. Como cloud computing ainda não explodiu no Brasil, elas não perderam o bonde. 


O consultor lembra que um estudo realizado pela IDC em março do ano passado constatou que apenas 18% das companhias brasileiras sabiam o que era cloud computing. Agora, ele acredita que o mercado já está assimilando melhor o conceito e que as teles têm um papel importante em esclarecer esse modelo d se comprar TI. 


Apesar disso, Figueiredo não acredita que as teles vão alterar muito esse jogo e ser mais competitivas que os data centers tradicionais. Na sua opinião, elas apenas chegam mais preparadas que os concorrentes que estão há mais tempo nessa seara. Ele acredita que há espaço para todo, em razão de esse negócio está apenas começando no Brasil.

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