As operadoras precisam começar a correr atrás do tempo perdido pra acompanhar o aumento de número de linhas ativas
O celular passou a ter uma significação cada vez mais valiosa no dia a dia da população. Logo, ficar sem ele pode ser uma dor de cabeça. Essencial na atualidade, a comunicação à distância vale tempo, dinheiro e ainda é importante nas relações interpessoais. Nos últimos tempos, porém, isso sido interrompido de modo recorrente com a problemática dos serviços móveis.
A telefonia celular foi o setor que apresentou o segundo maior número de registros de reclamações nos órgãos públicos integrados ao Sistema Nacional de Informações de Defesa do Consumidor (Sindec) durante o ano passado.
Com 122,9 mil registros, os serviços ficaram atrás somente do segmento de cartão de crédito, com 141,6 mil demandas. No fim de 2011, a TIM chegou a ser proibida pela Justiça de vender novos chips por conta da baixa qualidade dos serviços prestados no Ceará. Em janeiro desse ano, a operadora foi liberada a voltar a comercializar linhas, após apresentar plano de expansão à Anatel.
Ritmo X funcionalidades
Para o presidente da Comissão Nacional de Defesa do Consumidor da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Hércules do Amaral, a qualidade dos serviços móveis não conseguiu acompanhar o ritmo do avanço das funcionalidades dos aparelhos.
“O celular de hoje em nada se parece com o de antigamente. São verdadeiros portais de acesso à informação, e consolidaram-se como meios de comunicação capazes de influir no dia a dia das pessoas, no trabalho, nos estudos. Ocorre que, embora tenha sido disseminada uma cultura de concorrência entre as operadores de sinais de voz e dados, o serviço continua ao mesmo tempo caro e ruim”, comenta.
De acordo com ele, há um forte apelo de vendas de planos e aparelhos, sem que seja fornecida uma estrutura adequada para atender à demanda no momento da prestação dos serviços.
Operadoras dizem que foco é investir
Como forma de reverter a situação, as operadoras focam em investimentos. A TIM informou que o foco é a melhoria contínua da prestação dos serviços para atingir a máxima satisfação dos clientes”. No País, até 2014, a TIM planeja aportes de R$ 9 bilhões, dos quais 80% são para a estruturação e manutenção da rede.
Já a Oi, segundo sua assessoria de comunicação, após anunciar investimentos de mais R$288 milhões em PE e quase R$80 milhões na PB, anunciou agora que planeja injetar R$ 180 milhões no Estado do Ceará somente neste ano, valor que supera em 50% os R$ 121 milhões investidos em 2011.
A Claro, por meio de sua assessoria de comunicação, disse que os seus segmentos de infraestrutura, serviços e produtos receberão R$ 3,5 bilhões somente neste ano, em todo o País.
Até o fim de 2012, a Vivo afirma que pretende ampliar em 50% a capacidade da rede que atende a regional Nordeste (Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte). No Nordeste, em 2011, foram aportados cerca de R$ 560 milhões, “a maior parte desse recurso foi destinada à expansão de cobertura e qualidade de rede.
“Enquanto esse sucesso numérico pode indicar que haja uma universalização de acesso, a verdade é que a maioria usa planos pré-pagos bem restritos, e não têm acesso aos serviços mais sofisticados”, frisa.
O representante da OAB afirma ainda que um dos motivos pela continuação dos problemas são as punições tênues.
“O mercado compreendeu que é mais vantajoso descumprir a lei e o direito do consumidor do que mudar a política de prestação de serviços e elevar a qualidade. As ações coletivas e uma regulação mais dura por parte da agência reguladora da telefonia poderiam representar uma mudança, mas, até lá, o consumidor e seus direitos continuarão em segundo plano”, lamenta Amaral.