Depois dos rumores que movimentaram a semana – que o executivo estaria envolvido em fraudes constatadas na sua gestão à frente da Telecom Italia – o executivo foi, formalmente, desligado da operadora italiana ao renunciar aos cargos que ocupava. O novo presidente da TIM Brasil será Andrea Mangoni, CFO da Telecom Italia. Na gestão de Luciani, a TIM voltou a segunda posição do market share da telefonia móvel com uma forte estratégia voltada para as classes C,D e E.
No comunicado oficial ao mercado, divulgado neste sábado, 05/05, a Telecom Italia informa que Luca Luciani se desligou da empresa e renunciou ao cargo de CEO da TIM Brasil. O informe, breve, diz apenas que o “Conselho de Administração da TIM Brasil se reunirá em breve para empossar interinamente Andrea Mangoni, CFO da Telecom Italia, como Diretor Presidente”. O informe não faz qualquer menção a possíveis fraudes ou gestão irregular.
A troca de comando chega num momento que a TIM Brasil estava fazendo um forte trabalho para se aproximar da líder do mercado nacional, a Vivo. Depois de uma estratégia voltada para as classes C, D e E – com campanhas baseadas em ampliar o consumo do cliente pré-pago – a TIM superou a Claro e retomou a segunda posição do ranking nacional, ficando com com 26,8% de participação de mercado em março, o que equivale a mais de 67 milhões de linhas, segundo dados da Anatel.
Os rumores sobre a demissão de Luca Luciani começaram a circular com mais força quando o jornalista Lauro Jardim, da revista Veja, publicou na sua seção Radar Online, que a saída do executivo já tinha sido decidida pela Telecom Italia, após processo de investigação em Milão.
O processo não é novo e as investigações eram em torno de possíveis fraudes contábeis que envolveriam Luciani, o diretor da Telecom Italia, Ricardo Ruggiero, e ex-diretor da TIM na Itália, Massimo Castelli. No final de abril, o promotor de Milão, Alfredo Robledo, encerrou o período de investigações sobre as acusações de fraudes e estaria pronto para encaminhar o material para julgamento.
Segundo o divulgado pela imprensa italiana, os promotores concluíram que os três organizaram um truque de contabilidade técnica para aumentar o volume dos clientes quando no comando da TIM na Itália. Esse procedimento envolveria manter cartões SIM que já deveriam ter sido desativados e, dessa forma, aumentar sua participação de mercado.
Antes de deixar o comando da operadora, Luciani anunciou que a tele investiria R$ 3 bilhões este ano no Brasil, a maior parte em infraestrutura de rede para reforçar a oferta de serviços de dados. Também tinha confirmado a participação da TIM no leilão 4G, marcado para junho, apesar de sustentar as críticas ao processo – Luciani dizia que a venda do espectro estava acontecendo muito rapidamente e seria melhor esperar a consolidação da oferta 3G.
Luca Luciani assumiu o comando da TIM em janeiro de 2009. Quando chegou, deflagrou uma reestruturação da marca e montou a estratégia para conquistar os clientes das classes C, D e E. À frente da TIM conduziu o processo de aquisição de duas operadoras – Intelig, que deu capacidade de backbone e capilaridade nacional – e a AES Atimus, que a coloca como a empresa com maior capacidade de transmissão nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro para a oferta de banda larga ultrarrápida.
Ainda na sua gestão enfrentou rumores de uma possível associação com outra tele – no caso a Vodafone – ou mesmo de uma joint-venture com a GVT, operadora comprada pela francesa Vivendi. Luciani, como o ex-presidente da Vivo, Roberto Lima, endossou o discurso do compartilhamento de infraestrutura de rede como forma de minimizar custos e ampliar a oferta de serviços. Mas, na prática, há movimentos isolados, mas a regra não tem sido uma tendência efetiva no setor. Tanto que a própria TIM partiu para a construção de redes próprias – para substituir os gastos com aluguel de circuitos e melhorar a transmissão.
Qual será o futuro da TIM agora sem Luca Luciani só o tempo vai dizer!