A Vivo foi acionada junto à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) pelas concorrentes TIM e Claro. O motivo: uma de suas promoções supostamente criou um “mercado paralelo” de torpedos. Líder do setor com 29,8% dos clientes, a Vivo lançou a promoção “Receba mais Torpedos” no ano passado, estendida até o fim deste mês. Por ela, cada cliente ganha um crédito de R$ 0,01 por torpedo recebido da operadora concorrente.
Ao fim do prazo da promoção, os créditos acumulados são convertidos em prêmios, como celulares, notebooks e televisores, entre outros, a serem trocados em algumas das principais redes varejistas do país.
Foram apurados que somente em um mês 17% dos torpedos que saíram da Claro foram enviados para dez números da Vivo. Um desses clientes recebeu sozinho 1,4 milhão de torpedos, uma evidência de que haveria uma “máquina” (robô) operando, e não um cliente. O crédito acumulado nesse caso foi de R$ 70 mil.
Problemas similares foram detectados pela TIM. Para o diretor de marketing da companhia, Roger Solé, “esse tipo de promoção estimula o uso fraudulento dos serviços de SMS”, disse por e-mail. “É surpreendente que empresas de grande porte desenvolvam produtos que possam estimular fraudes.”
Por meio de sua assessoria, a Claro informou que “está tomando as devidas providências junto à Anatel”.
O problema entre as operadoras acabou na agência porque a troca de torpedos entre elas pressupõe a cobrança da taxa de interoperabilidade. Ela incide sempre que uma operadora gera tráfego para a concorrente.
Na reclamação à Anatel, TIM e Claro dizem que não é justo que paguem cerca de R$ 60 milhões cobrados pela Vivo pelo recebimento de torpedos. Para elas, o valor foi gerado de forma “fraudulenta”.
A Vivo contestou suas concorrentes, dizendo que a campanha foi devidamente aprovada pelo órgão regulador, que já teria decidido pela ausência de irregularidades nas suas promoções e também nas das demais operadoras.
Além disso, a Vivo afirmou que há um monitoramento de tráfego em período integral feito pelas operadoras, que costumam bloquear acessos “atípicos”.
“Isso (o bloqueio) está previsto em contratos assinados entre as operadoras”, disse Camilla Tápias, responsável pela área regulatória da Vivo. Segundo ela, TIM e Claro só fizeram o bloqueio após a geração do crédito à Vivo.