O Brasil se aquece para tentar colocar 4G em campo a tempo da Copa do Mundo. O pontapé inicial para lançamento comercial dos serviços está previsto para 16/10, quando a Anatel assina os contratos que autorizam a prestação desse serviço no País. Enquanto aguardam essa data, as operadoras realizam pilotos para construção da infraestrutura que vai transmitir os jogos.
A Oi inaugurou ontem sua rede baseada na nova tecnologia no Rio de Janeiro. A Claro já apresentou testes, mas Telefônica/Vivo e TIM ainda não fizeram demonstrações públicas do novo serviço. Espera-se que elas revelem seus planos durante a Futurecom 2012, que abre na próxima semana no Rio.
O leilão para a venda das frequências de 2,5 GHz que, serão adotadas inicialmente para a prestação dos serviços de 4G no Brasil, aconteceu em junho, quando a Anatel arrecadou R$ 2,9 bilhões com a comercialização dos lotes de faixas nacionais e regionais. Os quatro pacotes nacionais foram arrematados pelos quatro grupos: Vivo, TIM, Claro e Oi.
Pelos termos do edital, as operadoras que compraram as novas faixas são obrigadas a colocar as redes 4G em operação até 30 de abril do próximo ano nas cidades-sede da Copa das Confederações, que será realizada um ano antes da Copa do Mundo. Já a cobertura dos serviços nas cidades-sede e subsedes do mundial de futebol tem que estar disponível até 31 de dezembro de 2013.
Como faltam apenas sete meses para que as operadoras atendam ao primeiro prazo, há questionamentos no mercado se há tempo hábil para que as companhias consigam cumprir a meta. Entretanto, o governo garante que as empresas se comprometeram com as datas quando participaram do leilão e que as novas redes ficam prontas sim um ano antes da Copa.
A Anatel assina o contrato com as companhias somente no próximo dia 16. Depois da publicação no Diário Oficial da União é que as empresas poderão lançar os serviços comercialmente. Para João Rezende, presidente da Anatel, que participou ontem da inauguração da rede 4G da Oi no Rio de Janeiro, a agência está obedecendo aos cronogramas previstos e que não há atraso por parte do órgão regulador.
O ministro das Comunicações Paulo Bernardo confirma que o Brasil terá 4G bem antes do mundial de futebol. “O governo está trabalhando para resolver os problemas com antecedência, pois há mais de dois anos para a Copa”, garantiu durante sua passagem por São Paulo na semana passada, quando participou da inauguração do data center da Embratel.
Para o presidente da Oi, Francisco Valim, os cronogramas da construção das redes 4G não são o que mais gera ansiedade. “O que nos preocupa mais é a capacidade de infraestrutura”, afirmou destacando a dificuldade para instalação das antenas para prestação do novo serviço nas cidades. “Vamos ter o compartilhamento, mais ainda não está claro quando teremos envolvimento das operadoras participantes”, comenta.
Paulo Bernardo tenta tranquilizar o mercado, sinalizando a regulamentação que o governo está trabalhando para compartilhamento da infraestrutura de telecom e também a lei nacional para resolver o imbróglio da instalação de antenas de celulares, que hoje tem regras diferenciadas para cada município.
Há também discussões com as operadoras para que cheguem a um acordo sobre o modelo ideal de compartilhamento da infraestrutura das redes. A expectativa do ministro é de haja um consenso até o final desde mês para que dê tempo incluir esse tema no Plano Geral de Metas de Competição (PGMU), previsto para ser votado no final de outubro.
Enquanto as arestas da infraestrutura não são aparadas, as teles estão mobilizadas internamente, trabalhando em projetos pilotos de 4G. Depois de um período de teste do serviço no Rio de Janeiro, com simulação prática na conferência Rio+20 e em Brasília, a Oi inaugurou ontem sua rede na capital fluminense.
Num primeiro momento, o serviço terá cobertura no bairro do Leblon e imediações da região Sul. O lançamento do serviço comercial está previsto para novembro, depois que a operadora assinar o contrato para operação da frequência de 2,5 GHz com Anatel, em 16/10. Em dezembro de 2012, o serviço da Oi será expandido no Rio de Janeiro e chegará a outras três cidades brasileiras: São Paulo, Brasília e Belo Horizonte.
Pelos cronogramas da operadora, até abril de 2013, o serviço de 4G estará em operação comercial com cobertura de 50% de sete municípios do Brasil, incluindo as seis cidades-sede da Copa das Confederações, que são: Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Salvador, Recife e São Paulo.
A operadora vai ofertar planos pós pago. Mas os pacotes de voz deverão estar disponíveis somente entre dezembro e início de 2013, quando o Brasil tiver terminais compatíveis com a tecnologia Long Term Evolution (LTE), segundo informa Valim, a operadora está destinando um investimento de 1 bilhão de reais para construção da infraestrutura de 4G até 2015. Porém, os fornecedores ganhadores da licitação ainda não foram anunciados formalmente.
No começo de setembro, a Claro realizou testes da sua rede de 4G batizada de “4G max” e baseada na tecnologia LTE. O serviço já está funcionando em caráter experimental na cidade de Campos do Jordão. A operadora vem realizando pilotos desde agosto em Búzios e Parati no litoral do Rio de Janeiro, juntamente com a Huawei.
A operadora do grupo mexicano América Móvil anunciou investimentos de 6,3 bilhões de reais na expansão de rede para atender as metas da Anatel de 4G. Os cronogramas da operadora preveem até o final de final de 2013 entrega dos novos serviços nas 11 cidades que serão sede dos jogos da Copa do Mundo em 2014: Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Natal, Fortaleza, Manaus e Cuiabá.
A Vivo e TIM ainda não anunciaram projetos de 4G, o que pode acontecer durante a Futurecom 2012, que começa na próxima segunda-feira (08/10), no Rio de Janeiro. A indústria também promete apresentar novidades para os novos serviços durante a feira.
As redes 4G prometem velocidades bem acima de 3G, podendo chegar em seu pico máximo a 100 Mbps. Com essa tecnologia, as operadoras vão poder entregar novos serviços como vídeo em alta definição, aplicações na nuvem e videoconferência.
O grande teste do Brasil para uso dessa tecnologia será a Copa do Mundo, quando o País receberá torcedores de diversas nações e vão querer compartilhar imagens dos gols pelo seu celular em tempo real. Valim da Oi garante que a operadora está se preparando para que sua rede de 4G atenda essa demanda.
O executivo argumenta que hoje a operadora já é desafiada durante o réveillon comemorado em Copacabana, quando 2 milhões de assinantes transmitem imagens em um minuto. Segundo ele, nenhum dos 52 jogos que serão realizados durante a Copa terá uma interação nesse volume.
Diferentemente do que aconteceu com 3G, o Brasil está entrando em 4G juntamente com o resto do mundo. Porém, terá que esperar a chegada dos aparelhos que segundo, previsão dos analistas, ganharão escala no próximo ano. Assim, os primeiros terminais compatíveis com os serviços serão acessíveis a uma pequena parcela dos consumidores.
O Brasil está buscando uma solução para esse problema, com aprovação de medidas que vai conceder incentivos fiscais para smartphones montados no País tanto de 3G quanto de 4G. A previsão do ministro Paulo Bernardo é de que esse decreto seja sancionado pela presidente Dilma Rousseff até novembro.
A primeira operação comercial de 4G baseada em LTE começou em dezembro de 2009. Atualmente, de acordo com dados da 4G Americas, 108 redes de 4G nesse padrão estavam em funcionamento em 50 países, até setembro. Esse número deverá subir para 152 até dezembro.
Em alguns países, a frequência adotada é de 700 MHz. Já o Brasil optou num primeiro momento por usar a faixa de 2,5 MHz, que apesar de ser mais ampla exige a instalação de um número maior de antenas. Essa escolha gerou protesto das teles, que argumentam que vão precisar investir mais em infraestrutura.
O ministério das Comunicações já sinalizou que o setor poderá usar a faixa de 700 MHz para 4G, que hoje está alocada para os serviços de radiodifusão. Com a migração da TV analógica para digital, esse espectro ficará livre para ser adotado pelas operadoras móveis.
Essa transição será completada em 2016, mas Paulo Bernardo afirma que a partir deste ano algumas regiões do Brasil já poderiam mudar para esse padrão e estima para 2013 realização do leilão pela Anatel das frequências de 700 MHz.