Com prazo de apenas sete meses para entrar em operação nas cidades-sedes da Copa das Confederações, as redes 4G enfrentam como um dos seus maiores desafios: a instalação das novas antenas de celulares. Essas obras dependem de autorização dos municípios, com legislações próprias, que às vezes restringem construção das torres. Projeto de lei do governo tramita no Senado propondo uma regulamentação única.
Mas enquanto isso não acontece, as operadoras estão tentando buscar alternativas para atender a primeira meta de entrega do novo serviço até 30 de abril, prazo estabelecido pela Anatel para que o Brasil possa testar a tecnologia com mais de um ano de antecedência da Copa do Mundo.
A faixa de 2,5 GHz, destinada pela Anatel para operação dos serviços de 4G baseados no padrão Long Term Evolution (LTE) no Brasil, exige um número maior de antenas. Essa necessidade, segundo o ministro das Comunicações Paulo Bernardo, vai obrigar as operadoras a compartilharem essa infraestrutura.
O compartilhamento da infraestrutura de 4G e 3G vem sendo defendido pelo governo federal para acelerar os projetos das redes móveis no Brasil. Um decreto do ministério das Comunicações deverá ser aprovado ainda este mês pela presidente Dilma Rousseff, segundo Paulo Bernardo. A medida propõe novas regras para o direito de passagem e que vão permitir que operadoras compartilhem fibra óptica instaladas nas rodovias.
Em paralelo, o setor aguarda a tramitação no Senado do projeto de lei, que criará uma regulamentação única no País para a instalação das torres de celular. Atualmente existem 250 legislações municipais no Brasil para essas obras no País, que segundo o Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e do Serviço Móvel Celular e Pessoal (SindiTelebrasil), dificultam a ampliação das redes de 3G e agora das novas de 4G para suportar a demanda de tráfego de dados durante a Copa do Mundo.
Eduardo Levy, presidente do SindiTelebrasil, afirma que a burocracia das leis municipais travam os projetos. “Em São Paulo, por exemplo, não implantamos antenas há 18 meses”, diz o executivo mencionando casos em que operadoras foram proibidas de levar banda larga gratuita para determinadas escolas porque os órgãos alegam que as torres instaladas nas imediações prejudicam as crianças.
“Vendemos uma média de um chip novo de celular por segundo no Brasil e as leis impedem a instalação de antenas. É uma vida panque que estamos vivendo no dia a dia”, protestou o presidente do SindiTelebrasil durante o Brasscom Global IT Forum, realizado na semana passada em São Paulo.
O presidente da Oi, Francisco Valim, confirma que a burocracia para instalação das antenas é um problema para o setor. Durante a inauguração de 4G da operadora no começo de outubro, o executivo chegou a comentar que os cronogramas da construção das novas redes para a Copa do Mundo não são o que mais gera ansiedade.
“O que nos preocupa mais é a capacidade de infraestrutura”, afirmou destacando a dificuldade para instalação das antenas para prestação do novo serviço nas cidades. “Vamos ter o compartilhamento, mais ainda não está claro quando teremos envolvimento das operadoras participantes”, disse Valim.
Com as dificuldades para gerenciar o problema das antenas, as teles começam a transferir essa responsabilidade para terceiros para se focarem mais em seu negócio. Um sinal dessa mudança foi a aprovação pelo Cade da compra de 1.912 torres e postes de telecomunicações da Vivo pela GP Investments.
O fundo de investimento aplicou R$ 503 milhões na criação da BR Towers, subsidiária da American Towers, que vai operar como empresa de gerenciamento de torres no País, atendendo as novas necessidades do setor de compartilhamento de rede.
O GP Investimentos argumenta que as metas de 3G e 4G trazem grandes desafios para as operadoras gerenciarem a construção das antenas. O novo negócio vem na rasteira dessa necessidade das companhias.
Durante passagem pelo evento da Brasscom, em São Paulo na semana passada, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, defendeu a chegada de novos players de terceirização na área de antenas. Ele acredita que 4G vai acelerar esse processo no Brasil pela necessidade de expansão rápida das redes e também pelo incentivo que o governo dará ao compartilhamento das novas infraestruturas de rede.