O presidente mundial da Telecom Italia (dona da TIM), Franco Bernabè, apresentou ao governo federal duas propostas bilionárias: uma parceria com a Telebrás no plano de banda larga e outra com os Correios em uma empresa de telefonia móvel com a bandeira da estatal. Ambas com a infraestrutura da TIM.
A oferta da empresa italiana para banda larga prevê um preço ao consumidor inferior aos R$ 35 estipulados pelo governo para o seu projeto de inclusão digital, o PNBL (Plano Nacional de Banda Larga).
“Tudo o que a Oi ofertar nós fazemos pela metade”, disse Bernabè à Folha, provocando a concorrente, que no ano passado apresentou proposta para comandar o projeto por R$ 27 bilhões.
A diferença é que a Oi se coloca como gestora, enquanto a TIM oferece parceria com a Telebrás.
Segundo o presidente da TIM, o também italiano Luca Luciani, o custo da telefonia móvel é muito menor que o da fixa: “A gente oferece por R$ 0,50 diário acesso a smartphone, o que dá R$ 15 mensais. Temos 8 milhões de usuários. Dá para fazer isso em escala global? Dá.”
Já a parceria com os Correios seria com base na decisão do governo de que a estatal deverá oferecer um celular próprio pelo sistema MVNO, que significa um operador virtual. A TIM entraria com a infraestrutura.
Em entrevista na embaixada da Itália, Bernabè disse que a sua empresa fez uma guinada estratégica em seus investimentos internacionais nos últimos anos. Depois de se desfazer de ativos na América Latina e Europa, concentrou-se no eixo Itália/Brasil/Argentina.
A empresa saiu do Chile, Venezuela, Bolívia, Peru e Cuba. Na Europa, da Alemanha, Espanha e Turquia. Hoje, o mercado brasileiro corresponde a 22% do faturamento global da Telecom Italia, de € 27 bilhões.
Segundo Bernabè, o Brasil deverá continuar recebendo investimentos estimados em R$ 8,5 bilhões até 2013.
“Há uma “brasilianização” forte da nossa empresa. Temos um plano ambicioso e um compromisso de longo prazo com o Brasil”, declarou, acrescentando que cerca de 40% dos novos investimentos da TIM estão indo para Norte e também Nordeste, onde já é líder.
Diz também que um diferencial brasileiro em relação a outros emergentes, como Índia e China, são as afinidades culturais e históricas entre Brasil e Itália. Citou até a forte comunidade italiana.
O executivo só foi reticente em relação à qualidade da mão de obra. “Pode ser realmente um problema, mas o Brasil tem uma população muito jovem, e a presidente Dilma Rousseff está cuidando disso.”