A Anatel sorteou, hoje, os conselheiros que irão relatar os dois processos envolvendo a Unicel, empresa ligada a ex-ministra Erenice Guerra, na próxima quinta-feira.
Um dos processos, que ficou sob a responsabilidade de Marcus Paolucci (conselheiro interino que assumiu no lugar de Emília Ribeiro), trata da extinção da licença concedida à empresa para operar serviço de voz e dados na capital paulista.
A faixa de frequência é motivo de interesse da Nextel, que entrou com pedido na reguladora para comprar a Unicel justamente para ficar com ela. A aquisição permitiria à Nextel expandir o serviço celular em São Paulo quando começar a operação, em dezembro deste ano.
O segundo processo sorteado, ao conselheiro Rodrigo Zerbone, trata justamente da anuência prévia para compra da Unicel pela Nextel.
A tendência é de que os conselheiros não aprovem a aquisição da empresa e justifiquem a decisão pela demora da Nextel em entrar com o pedido de anuência.
A Nextel está pronta para pagar cerca de R$ 370 milhões pela Unicel, operadora de celular ligada ao marido de Erenice Guerra, que deixou a Secretaria-Executiva da Casa Civil em 2009 sob a acusação de favorecer empresas (inclusive a própria Unicel).
A empresa, conhecida comercialmente como Aeiou, está para ser cassada pela Anatel, por causa de uma dívida de cerca de R$ 500 milhões. Se isso ocorrer, a frequência que ela operava terá que ir a novo leilão.
Ao governo, no entanto, interessa que a empresa seja vendida para a Nextel, porque ele pretende, por meio da nova companhia, forçar Vivo, TIM, Claro e Oi (as quatro maiores) a baixar seus preços. A ideia é repetir a estratégia adotada em março pela presidente Dilma Rousseff para baixar os juros. Com a resistência dos bancos privados, o governo usou o Banco do Brasil e a Caixa para dar início aos cortes. Quando começaram a tomar clientes, a concorrência decidiu acompanhá-los.