O empreendedor egípcio Naguib Sawiris fez oferta, de cerca de cinco bilhões de euros, para comprar uma grande porção da empresa Telecom Italia, conhecida no Brasil como TIM, segundo informou o jornal Wall Street Journal. De acordo com o artigo da publicação americana, fontes internas disseram que o chefe executivo da Telecom, Franco Bernabè, levou a oferta de Sawiris para ser apreciada pela diretoria da companhia, sem dar mais detalhes. A oferta, tendo como base o valor atual da Telecom, corresponderia a 30% de seus ativos. Sawiris e a empresa se recusaram a comentar o assunto.
O jornal americano ponderou que a possível transação, noticiada primeiramente pelo diário italiano Il Corriere della Sera, dificilmente se concretizaria. Colocar tamanho número de ações no mercado poderia desencadear uma oferta pública de aquisição (OPA), o que pode sofrer resistência entre os acionistas centrais da empresa em diluir suas participações acionárias.
De acordo com o Wall Street Journal, a oferta revela a vulnerabilidade do alto endividamento de companhias como a Telecom e outras empresas do Sul da Europa. Segundo o jornal, a crise dos países da zona do euro nos últimos anos tem tornado a situação mais difícil para empresas muito endividadas, particularmente no sul da Europa, explorarem novos mercados de capitais, enquanto muitos mercados emergentes (ou empresários que operam neles) são “inundados com liquidez” financeira.
Neste ano, a Three Gorges Corp, empresa estatal chinesa de energia, venceu os rivais europeus pela privatização da EDP – Energias de Portugal, enquanto o bilionário mexicano Carlos Slim garantiu grandes partes dos grupos de telecomunicações KPN, da Holanda, e Telekom Austria, da Áustria, como forma de consolidar sua presença no velho continente.
Banqueiros projetam que investidores de mercados emergentes serão mais agressivos na aquisição de ativos europeus, particularmente no sul. O artigo do WSJ avalia que a Telecom Italia tem sido, geralmente, capaz de ampliar seu financiamento neste ano, mas sua grande dívida, a redução dos negócios domésticos e o aumento da competição de rivais intensificam dúvidas entre analistas e investidores sobre a estratégia de longo prazo da empresa.
Com este investimento, Sawiris (que operou no mercado italiano) poderia obter uma parte na holding Telco, que agrega algumas das maiores companhias italianas e controla 22,4% da Telecom Italia. No entanto, os acionistas teriam de concordar em vender ou diluir suas participações com o aumento de capital, o que pode ser difícil de ocorrer.
“A Telecom Italia está desvalorizada, por isso seria definitivamente um bom investimento para o Sawiris”, disse ao WSJ Francesco Sacco, professor de estratégia de negócios da Universidade Bocconi, em Milão.
Ao final da matéria, o jornal pondera que se a Telecom atrair 5 bilhões de euros de novos capitais seu perfil financeiro melhoraria “drasticamente”, aumentando também as perspectivas da agência de classificação de risco Standard&Poor’s, cuja cotação atual ára a Telecom é um Triplo B.