A Telecom Italia ainda pode entrar na corrida para comprar a GVT da Vivendi, se o grupo francês reduzir suas expectativas de preço, disseram pessoas familiares com a situação.
O endividado grupo italiano vinha considerando uma oferta para aumentar sua presença no Brasil, onde sua unidade TIM Participações tem sido uma importante fonte de crescimento nos últimos anos.
Mas a Telecom Italia não tomou parte no processo de venda formal, até agora, desanimada com o preço alto pedido pela Vivendi e com a oposição de seu maior investidor, a espanhola Telefónica. A Vivendi busca 7 bilhões de euros pela GVT, disseram fontes do setor financeiro.
“A Telecom Italia não está participando do processo formal, mas a questão será decidida na reunião do conselho (de administração) em 6 de dezembro. O conselho pode dar mandato a gestores para entrarem nas negociações com base em um preço mais baixo”, disse uma das fontes próximas à situação.
“O preço de 7 bilhões de euros que aparentemente a Vivendi está pedindo é muito alto”, acrescentou.
Uma segunda fonte disse que a Telecom Italia optou por não apresentar uma oferta não vinculante devido ao preço e ao conflito de interesse com a Telefónica.
“A Telefónica não tem direito de voto, mas tem influência interna. Ela não quis que a Telecom Italia comprasse a GVT, seu principal rival no Brasil”, disse a fonte.
Essa fonte disse que a Vivendi terá dificuldades para conseguir 7 bilhões de euros pela GVT, já que o preço considerado justo seria de 5 bilhões de euros.
A Telefónica, que tem uma forte presença no Brasil por meio da Vivo, é o maior investidor na Telecom Italia, com participação de 10% por meio da holding conhecida como Telco.
A Telefónica, que nessa holding é sócia dos grupos financeiros italianos Generali, Mediobanca e IntesaSanpaolo, não tem direito a voto no que diz respeito aos ativos da Telecom Italia na América Latina.
Mais cedo, o jornal italiano Il Sole 24 tinha noticiado que a Telecom Italia tinha desistido de apresentar uma oferta não vinculante pela GVT até o prazo de 20 de novembro, porque os 7 bilhões de euros pedidos pela Vivendi não eram economicamente viáveis.
Um analista de uma corretora internacional disse que a Telecom Italia “jogaria dinheiro fora” se pagasse os 7 bilhões de euros pedidos pela Vivendi.
No fim de semana, o presidente do conselho da Telecom Italia, Franco Bernabe, afirmou ao jornal italiano Corriere della Sera que seu grupo não tomou parte no processo de venda da GVT até a ocasião, mas que considerava a operadora brasileira um ativo interessante.
“A GVT tem sido sempre um assunto em aberto. Se o negócio for feito a um preço menor, não será preciso aumento de capital”, disse uma fonte próxima do pensamento dos acionistas.
Usuários brasileiros comemoram
No Brasil, a notícia repercutiu no Twitter, entrando nos tópicos emergentes (trending topics, ou TTs).
No ranking de reclamações da Anatel, a TIM é a terceira operadora móvel com maior número de queixas apresentadas na agência por consumidores. Na telefonia fixa, a TIM é a primeira colocada, com o maior número de reclamações, enquanto que a GVT é a penúltima.