Os argumentos da TIM para sustentar o lançamento de seu plano de R$ 0,50 por dia, chamado de Infinity Day, passam sobretudo pela disputa de mercado aliada a uma capacidade ociosa que permitiria essa expansão. Desde a cautelar de julho da Anatel, que suspendeu as vendas da empresa, a TIM perdeu em quase todas as regiões do Brasil entre 0,2 e 0,8% de market share, principalmente nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
A empresa também relatou à Anatel que todas as demais operadoras têm planos igualmente ou mais agressivos do que o Infinity Day: a Vivo teria um plano de R$ 0,25 por dia, a Claro teria um de R$ 0,16 por chamada e a Oi teria, na oferta combinada com telefone fixo e banda larga, bônus de ligações de R$ 1,5 mil. E que mesmo com todas as promoções agressivas, o volume de minutos de uso no Brasil em geral, e na TIM especificamente, ainda está bem abaixo da média internacional, havendo espaço para crescer.
Além disso, a empresa alega que praticamente perdeu a posição de preferência que teria junto aos consumidores (segundo pesquisa Ipsos), empatando com a Vivo nesse quesito, e teria visto sua taxa de rejeição, que era a mais baixa antes da cautelar, dobrar, também se equiparando da Vivo (que teria tido melhora significativa nesse indicador por não ter sido afetada pela cautelar).
Diante disso, diz a TIM, e avaliando criteriosamente os indicadores de rede, para assegurar os parâmetros de desempenho, e com base nos dados do Rio Grande do Sul, onde a oferta foi testada, a operadora teria decidido fazer o lançamento em 18 áreas de numeração. A operadora alega que a rede pode trabalhar com uma utilização média de 65% a 70% da capacidade por área de numeração sem riscos.
A operadora tem dados que demonstram que em praticamente todos os indicadores já houve melhoras da cautelar de julho para cá e que a empresa está em dia com o cumprimento de todos os investimentos que haviam sido planejados e endossados pela Anatel no plano de recuperação.
A TIM avalia que a Anatel esteja buscando evitar qualquer fator que possa gerar instabilidade nas redes, mas entende que esse risco não existe no Infinity Day. Para a empresa, o mercado competitivo exige que as empresas se diferenciem. “Para que todo mundo tenha o mesmo índice de utilização de rede, o mesmo market share e os mesmos preços, seria preciso haver um cartel, e isso não é aceitável em um ambiente competitivo”, diz Mario Girasole, diretor de relações institucionais e regulatórias da operadora. Para ele, o plano Infinity Day está bem dimensionado para as redes da TIM que têm capacidade, hoje, de absorver o tráfego gerado. “Temos isso testado no Rio Grande do Sul sem nenhum problema”, diz.
A TIM, diz Girasole, chegou a propor à Anatel que acompanhe, semanalmente, o desempenho da rede em função do novo plano. “Todas as operadoras lançaram ofertas agressivas desde julho e não tenho notícia de nenhuma delas ter submetido o plano a uma aprovação prévia”.
Para ele, é lamentável que competidores pressionem a própria TIM e a Anatel a não adotar promoções que beneficiem o consumidor. “Isso não faz parte do ambiente competitivo em que vivemos”.
Resposta da Anatel
O superintendente de Serviços Privados da Anatel, Bruno Ramos, disse que foi surpreendido pela decisão da TIM de oferecer uma nova promoção, chamada de “Infinity Day”, em um curto espaço de tempo (três meses) após a suspensão das vendas de chips da empresa, juntamente com a Oi e a Claro. “Não estava no plano da TIM. Fomos surpreendidos”, declarou ele. Por conta disso, a promoção também foi suspensa pela Anatel.
De acordo com Bruno Ramos, da Anatel, a TIM enviou novos documentos sobre a sua capacidade de rede. Estas informações, segundo ele, serão cruzadas com dados da própria fiscalização da Anatel. Na próxima semana, acrescentou Bruno Ramos, serão solicitadas novos dados para a TIM. “O que discutimos hoje é que precisamos de uma previsão melhor sobre dados semanais de tráfego. Durante semana que vem, acredito que a gente consiga fazer alguma coisa”, declarou ele, que não afastou totalmente a possibilidade de a promoção ser liberada por áreas do país.
Ele falou ainda que a TIM não pode querer jogar responsabilidades para outras teles, como a Vivo, pois diferente da TIM, a Vivo no Nordeste, que é onde possui a promoção de R$ 0,25 por dia citada pela TIM, não tem altos índices de reclamações.
Bruno finalizou informando que o que a Anatel quer é “que a TIM cuide primeiro de seus atuais clientes para depois querer conseguir mais com promoções novas”.