02/11/2024

”Mão” do governo pesou sobre a Bovespa em 2012

A “mão pesada” de Dilma Rousseff na economia em 2012 refletiu-se no desempenho de setores com peso importante na bolsa de valores brasileira. O caso do setor elétrico (cujas empresas listadas perderam R$ 48 bilhões em valor de mercado ao longo do ano) é o mais emblemático, mas não o único.

Outras ações também sofreram com a perda de confiança de investidores, especialmente dos estrangeiros, que respondem por grande parte das operações da BM&F Bovespa.

Ainda que os papeis também tenha sido penalizados por fatores “externos” (estagnação da economia global, desaceleração do crescimento chinês, problemas sérios com as dívidas dos países europeus, quadro ainda preocupante nos Estados Unidos, e agravado pela questão do abismo fiscal, etc), analistas apontam que o “ativismo do governo” transformou-se numa marca do mercado acionário no ano. Mesmo assim, o Ibovespa, índice de referência da Bovespa, chegou ao último pregão de dezembro com desempenho positivo: alta de 7,40% para 60.952 pontos.

“O ativismo do governo acabou causando certo temor no mercado, especialmente em relação a empresas que são ligadas a concessões públicas”, disse o analista de investimentos da corretora Coinvalores, Bruno Piagentini Caloni. Ele explicou que os papeis de companhias expostas a medidas do Palácio do Planalto operaram com maior volatilidade durante todo o ano, a exemplo de Petrobras, os bancos de forma geral, as elétricas e a ALL, que tem operações ferroviárias, setor que foi alvo de um pacote de concessões e mudanças regulatórias. As ações de empresas de telecomunicações também foram prejudicadas, ainda que de forma indireta, pelo governo. Ações fiscalizadoras mais rígidas por parte da Anatel (que, inclusive, chegou a determinar a suspensão temporária das vendas de planos) acabaram levando a TIM, por exemplo, a figurar entre as maiores quedas de 2012 do Ibovespa, o índice de referência da bolsa brasileira.

No setor de Telecomunicações, especificamente, ante o crescente número de reclamações de usuários sobre a qualidade dos serviços das operadoras de celular, a Anatel fez o seu dever e apertou a fiscalização. Em julho, ela chegou a suspender as vendas de novas linhas das operadoras que lideravam queixas nos estados brasileiros. A TIM foi a mais prejudicada, com proibição em 19 estados, enquanto a Claro e Oi foram suspensas em 3 e 5 unidades da Federação, respectivamente. A punição durou apenas 15 dias, mas as empresas foram obrigadas a apresentar um amplo plano de melhorias à agência e aumentar seus investimentos, comprimindo as margens de lucro. 
A operadora italiana, particularmente, ainda se viu às voltas com graves suspeitas da Anatel sobre sua operação, que se tornaram públicas. Relatório interno do órgão regulador apontou que a empresa derrubava de propósito as ligações de usuários de planos em que a chamada não era tarifada por minuto, havendo a cobrança por um valor único, fixo e reduzido. A companhia, no final do ano, apresentou estudos para contestar essa denúncia. Ela também esteve envolvida em outra polêmica, que foi a proibição pela Anatel de um plano (o Infinity Day) que chegou a lançar comercialmente e teve as vendas impedidas. As ações da TIM caíram 9,51% neste ano, para R$ 8,17.

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