Após a turbulência com os rumores e a confirmação da saída do presidente da Oi, Francisco Valim, as ações preferenciais da companhia voltaram a crescer e fecharam o pregão com valorização de 3,37%, cotadas a R$ 8,28. Apesar da alta, a perda no acumulado da semana é de quase 8%. Segundo analistas, a valorização foi motivada por uma prévia, não auditada e divulgada na noite desta terça-feira (22), dos resultados da companhia no ano passado. (Confira os resultados clicando aqui).
A Oi é controlada pela Telemar Participações, que detém 56,45% de seus ativos, e atualmente ocupa a última posição em participação de mercado entre as grandes companhias de telefonia que operam no país. Valim estava no cargo desde junho de 2011, mas as especulações dão conta de que o grupo controlador não estaria satisfeito com a sua gerência e a demora no cumprimento das metas estipuladas.
Segundo Ricardo Correa, diretor da corretora Ativa, o resultado preliminar do 4º trimestre de 2012, programado para sair somente em 1º fevereiro, foi bem recebido pelo mercado. Também pesou a favor da empresa de telefonia a confirmação da política de pagar aos acionistas R$ 1 bilhão em dividendos. Para poder realizar essa distribuição, como determinado pela própria companhia, a dívida líquida da empresa não poderia ser superior a três vezes sua geração de caixa. Segundo os dados preliminares, o indicador ficou em 2,87.
“No resultado, a Oi não alcançou algumas metas, mas o mercado já esperava isso tendo em vista o desempenho nos outros trimestres do ano. A dívida líquida do Ebtida ficou dentro do pré-requisito para pagar os dividendos de mais de R$ 1 bilhão aos acionistas”, destacou Correa.
O especialista, porém, entende que no geral a falta de informações da companhia sobre a troca de comando traz consequências negativas no mercado financeiro. “Não se sabe quem vai entrar no lugar do Francisco Valim. Um interino (José Mauro Mettrau Carneiro da Cunha) assumiu o cargo, mas ninguém sabe se ele manterá o plano estratégico e se conseguirá alcançar as metas estipuladas”, analisa o diretor da Ativa. “É preciso que a empresa traga maior transparência aos investidores. Essa incerteza é que acaba pressionando os papéis”.
Os especialistas da área de análise da XP Investimentos para o setor de telecomunicações também avaliaram que os resultados da Oi vieram acima da expectativa do mercado. Para a equipe, como o setor passou por momentos de repreensão no ano passado (quando a Anatel determinou que três das quatro maiores empresas de telefonia tinham que suspender a venda de novos pacotes) há uma tendência de exagero do mercado.
“Os resultados não foram ruins, inclusive, foram melhores do que o mercado esperava. Mas a reação dos investidores foi exagerada. A troca de comando na empresa é uma notícia negativa, mas não era suficiente para uma queda tão acentuada”, ponderaram.
Segundo os economistas da corretora, a expectativa ao longo da semana é de recuperação das ações. “No fim da semana, os ativos devem sofrer correção no valor, até porque as pessoas vão se adaptar a essas novas notícias relativas à Oi”, projetaram.