A Oi anunciou nesta terça-feira (22) a indicação de José Mauro Mettrau Carneiro da Cunha para a presidência da operadora no Brasil. O executivo vai ocupar o cargo que, até agora, era de responsabilidade de Francisco Valim. A dança das cadeiras, porém, teria gerado tensões internas na empresa e uma queda nas ações da companhia na Bovespa.
Pouco após a abertura do pregão, os papéis da Oi estavam sendo negociados com queda de 7,47% nas preferenciais e 5,39% nas ordinárias. A própria bolsa de valores abriu com queda de 0,06%, uma perda que já vinha sendo liderada pelas ações da empresa de telecomunicações desde segunda. A queda já era esperada por analistas de mercado.
A indicação de Cunha para a gerência da Oi teria gerado um clima ruim entre a empresa e a Portugal Telecom, uma de suas controladoras. O conglomerado estaria exigindo uma atuação mais agressiva na disputa pelo mercado nacional e um esforço concentrado na obtenção de clientes das operadoras rivais.
A maneira de obter esse resultado seria por meio de opções convergentes, com planos combinados de telefonia móvel e fixa. A Oi, porém, mantém seus investimentos conservadores e foca bastante na operação de linhas caseiras e internet banda larga, oriundas de seus primeiros passos no mercado brasileiro.
Os acionistas derrubaram o até então presidente Francisco Valim, contratado por R$ 100 milhões, após um ano e meio de gestão; a empresa fracassa na concorrência contra gigantes do setor de telefonia como Vivo, Claro e TIM; as ações perdiam 7,36% às 12h00; na véspera, queda fora de 5,31%; grandes acionistas como Carlos Jereissati e Sérgio Andrade estavam descontentes com perdas de R$ 1,5 bilhão em 2012
O que deveria ser uma empresa nacional robusta de telefonia está derretendo em praça pública. A Oi, companhia que teve ajuda do governo federal, em 2008, para incorporar a Brasil Telecom, perdeu seu segundo presidente em quatro anos. Após a queda de Luiz Eduardo Falco, na manhã de ontem foi a vez do executivo Francisco Valim ser comunicado que terá de deixar a empresa. Ele foi contratado a peso de ouro, um ano e meio atrás, para conduzir os negócios da companhia, mas não conseguiu agradar os principais acionistas. Ele tinha salários de R$ 25 milhões por ano, para um contrato de quatro anos de trabalho.
Um prejuízo estimado em R$ 1,5 bilhão, a ser divulgado nos próximos dias, teria sido a principal causa da queda de Valim. Ele será substituído por José Mauro Mettrau Carneiro da Cunha. Valim por sua vez, substituiu Luiz Eduardo Falco, responsável pela incorporação da Brasil Telecom, em 2008. A operação fez a dívida da companhia saltar de R$ 9,8 bilhões para R$ 22,4 bilhões, em 2009. Em 2010, o então presidente Luís Inácio Lula da Silva atuou para permitir que a Portugal Telecom entrasse no bloco de controle da Oi. Os portugueses estavam saindo da Vivo e só fariam isso caso tivessem outra operadora para investir no Brasil. O acordo foi fechado, e a Portugal Telecom injetou R$ 8,3 bilhões na Oi, reduzindo a dívida à metade.
Mesmo assim, em razão de investimentos na área de tecnologia, a Oi anunciou, no ano passado, a suspensão por um mês do pagamento a todos os seus fornecedores.
Num mercado liderado pelo Vivo dos espanhóis do grupo Telefónica e a Claro do bilionário mexicano Carlos Slim, a Oi tem ficado atrás até mesmo dos italianos da TIM. A empresa, porém, foi a mais ajudada pelo governo federal, que atuou para incorporar em seu grupo de controle os portugueses do grupo Portugal Telecom. Após as ações preferenciais da companhia terem perdido 5,3% no pregão de ontem da Bolsa de Valores de São Paulo, hoje, até por volta do meio-dia, os papeis caiam quase 8%, resultando num recuo de cerca de 13% sobre o dia anterior. O mercado estava dividido sobre os resultados do trabalho de Valim. Para alguns analistas, ele não teve tempo de mostrar seus serviços, tendo ficado apenas um ano e meio no cargo. Para outros, no entanto, seu plano estratégico implicaria em novas perdas ao longo de 2013. O certo é que, antes da hora combinada, mais um presidente da Oi está saindo da empresa pela porta dos fundos.