A Oi iniciou a semana cercada de rumores de que demitiria o seu diretor-presidente, Francisco Valim, fato que se concretizou na última terça-feira (22) e provocou uma forte queda nas ações da companhia na BM&FBovespa. Após a notícia, analistas de crédito e de investimentos demonstram apreensão com o futuro da empresa, mas os números prévios apresentados pela companhia na noite anterior diminuíram parte dessas incertezas.
Com os rumores sobre a saída de Valim, as ações preferenciais encerraram o pregão na segunda-feira com queda de 5,13%. A desvalorização se acentuou na terça-feira, após a divulgação de comunicado confirmando a demissão, quando os papeis despencaram 7,93%. A companhia indicou o presidente do conselho de administração da empresa, José Mauro Mettrau Carneiro da Cunha, que assumirá interinamente o cargo, enquanto a empresa procura um substituto no mercado.
Em relatório, a Ágora Corretora destacou o quanto a notícia pode ser prejudicial para a companhia. “Vemos a saída do Valim como negativa tendo em vista sua posição de destaque no plano de reestruturação da Oi, ajudando a empresa a recuperar a confiança dos investidores”, diz o analista.
Apesar do momento delicado, Cataldo continua com a recomendação de compra para as ações da Oi, acreditando que a empresa apresentará uma melhora gradual em seus resultados futuros. Contudo, a demissão de Valim liga o sinal de alerta sobre a performance da operadora de telefonia no último trimestre de 2012. Os números de 2012 serão divulgados no dia 18 de fevereiro.
Como informamos agora a pouco aqui no portal, enquanto não é divulgado o resultado final, a companhia antecipou a divulgação dos dados operacionais não-auditados do 4º trimestre de 2012, o que trouxe certo alívio ao mercado, já que boa parte dos números veio em linha com o projetado pela empresa para o ano em abril, além do fato de que ela reiterou o plano de distribuir R$ 1 bilhão em dividendos aos acionistas, em complemento ao que já foi pago em agosto passado. No relatório da Ágora, feito antes da divulgação da prévia operacional, Cataldo ressaltava os receios sobre a empresa não conseguir atingir suas metas.
Segundo os números prévios, a Oi terminou 2012 com:
- Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) de R$ 8,7 bilhões, valor que se compara à meta da empresa de R$ 8,8 bilhões.
- A receita líquida consolidada de serviços foi de R$ 27,5 bilhões no ano passado, montante também em linha com a meta da companhia de R$ 27,3 bilhões de faturamento em serviços.
- A dívida líquida consolidada do grupo de telecomunicações no fim de dezembro era de R$ 25 bilhões, ante estimativa de R$ 24,9 bilhões anunciada em abril do ano passado.
Apesar dos números aparentemente positivos, a XP Investimentos recomenda cautela com os ativos OIBR4, visto que, embora os números mostrem crescimento em relação aos trimestres anteriores, eles ainda não representam o resultado definitivo, já que eles não são auditados. “Apesar de vermos uma melhora nas margens, não temos informações suficientes sobre o trimestre para alterar a nossa recomendação, que se mantém neutra”, diz relatório da XP.
Isso não se restringe apenas ao mercado de ações. A agência de classificação de risco Moody’s afirmou que a demissão do presidente aumenta os níveis de incertezas sobre o potencial de crescimento e as mudanças de estratégia. Embora afirme que o rating da Oi não será revisado no curto prazo, a equipe de análise da agência afirmou que monitorará qualquer mudança nas estratégias e no plano de negócios da companhia que podem trazer impactos nas principais métricas de crédito, principalmente aquelas relacionadas a dividendos, investimentos e alavancagem.