Um maratonista precisa de fôlego para enfrentar 42.195 metros da uma corrida de rua que é uma das mais duras provas do Atletismo. O segredo é manter o ritmo e a constância. E é essa analogia que Carlos Zenteno, presidente da Claro no Brasil, usa para definir o mercado de telecomunicações.
“Acreditamos que a qualidade e tudo o que vamos oferecer no Brasil como empresa é um trabalho de longo prazo. Não é uma corrida de velocidade, é uma maratona, onde você tem que ter consistência ao longo do tempo, tem que continuar fazendo investimentos”, compara o executivo de 42 anos.
Há dois anos e sete meses à frente da Claro, que faz parte do grupo mexicano América Móvil, do bilionário Carlos Slim, Zenteno garante que recuperar a vice-liderança perdida para a TIM em 2011 não é uma meta.
“Acreditamos em um crescimento sustentável, baseado na qualidade de serviços para nossos clientes. E não no crescimento a qualquer preço, simplesmente para mostrar o próprio número”.
Ele classifica como uma situação de “pressão” a proibição imposta pela Anatel à Claro, que impediu a empresa de vender linhas nos estados de São Paulo, Santa Catarina e Sergipe por 11 dias no ano passado. E avalia que os danos à imagem da Claro foram superados.
Apesar disso, ele ressalta que qualidade é um dos focos para 2013, o que significa investimentos em qualidade de rede, call center e expansão da rede de lojas próprias, que totalizam 337, incluindo quiosques. Até 2014, a Claro investirá R$ 6,3 bilhões.
Outro pilar é a rede 4G de celular, já lançada em algumas cidades. O presidente da Claro defende que, mais do que oferecer o serviço e instalar antenas 4G, é preciso preparar a rede de transmissão para o aumento no uso de serviços de dados, que devem ganhar ainda mais fôlego com a nova geração de telefonia.
Para dar vazão a essa demanda, a empresa investiu cerca de R$ 1 bilhão, em conjunto com a co-irmã Embratel, em um cabo submarino de 17,5 mil quilômetros de extensão que vai ampliar em 45 vezes a capacidade de transmissão da América Móvil no Brasil.
O projeto, em fase de conclusão, permitirá ao grupo não só usar a capacidade para suas necessidades como prestar serviços para outras empresas.
Em 2012, a América Móvil faturou R$ 30,7 bilhões no país, o equivalente a 25,73% da receita total do grupo em 2012, que somou R$ 119,36 bilhões. A Claro faturou R$ 12,7 bilhões, ou 41,5% do resultado do Brasil.
E o grupo encerrou 2012 com 93,8 milhões de clientes no país, das quais 65,2 milhões são assinantes de celular.
Na visão de Zenteno, há uma tendência de sofisticação no uso de serviços, o que abre espaço para empresas que privilegiem a qualidade.
“Esses serviços, que hoje os clientes ainda não usam ou usam esporadicamente, vão mudar radicalmente. O dispositivo móvel será a nova tela, onde você poderá ter praticamente todos os conteúdos que precisar, com a vantagem da mobilidade, porque as redes 4G vão romper essa barreira. Isso vai gerar grande oportunidade para operadoras que façam o melhor trabalho, que façam investimentos constantes em sua rede, cuidem de qualidade, cuidem da experiência do cliente”.