A disposição do ministério das Comunicações de regulamentar o uso do Wi-Fi no país abre frentes para embates com os provedores Internet. A faixa de 5,1GHz a 5,3GHz, hoje, utilizada por diversos provedores Wi-Fi é não licenciada e pode estar na mira da Anatel. O Brasil (com cerca de 5 mil hotspots) fica para trás em relação a outros países e precisa correr para atender a demanda dos megaeventos.
“Muitos equipamentos de Wi-Fi que estão em uso no Brasil são em 5,1 GHz e 5,3GHz. Eles são, hoje, o melhor caminho dos provedores internet. Essa é uma frequência não licenciada. Se a Anatel decidir mexer nesse pedaço e transforma-la numa frequência licenciada, poderá criar um impasse gigantesco no mercado Internet”, adverte Jonas Trunk, presidente da Linktel Corporate, que detém, hoje, cerca de 1.500 hotspots, sendo a maior empresa privada a atuar no segmento, depois que a Vex foi comprada pela Oi.
Com relação à pouca disseminação do Wi-Fi no Brasil, Trunk diz que há razões históricas. “Não podemos esquecer que as teles não acreditaram no Wi-Fi no Brasil. Elas resistiram muito. Somente agora entendem o Wi-Fi como uma opção para o 3G offload. Por isso, o país está tão defasado em hotspots. E não estou falando em restaurantes, mas em ambientes públicos mesmo”, frisou o executivo.
Avançar em ambientes públicos é a grande estratégia da Linktel. Tanto que a companhia planeja chegar a 3.000 hotspots até a copa de 2014, o que significa dobrar a atual presença no mercado. Para Trunk, o Brasil precisa acelerar os investimentos em Wi-Fi público. Indagado sobre quem pagaria pelos custos, o executivo foi taxativo: a publicidade. “O Wi-Fi público precisa de patrocinadores como a mídia precisa. Há como fazer campanhas que sustentem as atividades”, garantiu.
Indagado se os equipamentos Wi-Fi deveriam ter acesso à desoneração prometida pela Anatel às femtocélulas (que vão desafogar o tráfego 3G e 4G) o presidente da Linktel diz que a medida deveria valer para todo o mercado. “O Wi-Fi leva a Internet para regiões onde as teles não chegam. Por que não também facilitar tributariamente o Wi-Fi?”. Na portaria de desoneração das redes (assinada na semana passada pelo Minicom) os equipamentos Wi-Fi ficaram fora da lista dos contemplados.