O SMS, vulgo mensagens de texto ou torpedos, já foram uma das atividades mais frenéticas entre os usuários de celulares. Mas com o advento dos smartphones, grande parte dos papos móveis migrou para os aplicativos de chat on-line, em sua maioria gratuitos. WhatsApp, iMessage (iPhone), BBM (BlackBerry), Skype, Google Talk, Facebook Messenger, Viber, Tango, e a lista vai longe. Há também os alternativos, em geral criados no Oriente, como o japonês LINE, o coreano Kakao Talk e o chinês WeChat.
A grande vantagem dos aplicativos é que, com uma conexão com a internet, via Wi-Fi ou um plano de dados, a troca de mensagens não custa nada. No caso do SMS, dependendo do plano que o consumidor tenha, cada mensagem enviada significa um gasto a mais na conta no final do mês. Mas engana-se quem acha que o SMS morreu, mesmo lá no exterior.
“Vivo nos EUA e não sei como anda o uso do SMS no Brasil, mas aqui a galera mais jovem ainda o usa muito”, diz Andrew Brinn, gerente de testes de sistemas e morador em New Jersey. “Minha filha de 16 anos praticamente não usa voz no celular. Só SMS e Facebook. Mas ela vai ganhar um smartphone mais moderno e rápido, e talvez passe a usar mais apps a partir daí.”
Quanto às operadoras nacionais, elas declaram em uníssono que o SMS continua firme e forte e que os apps de papo móvel coexistem com os torpedos tradicionais sem perda de receita para nenhuma delas.
Gabriela Derenne, diretora regional da Claro para o RJ/ES, reconhece que os apps se tornaram uma alternativa prática ao envio de SMS. “Mas na Claro não se confirmou a previsão de queda no envio de torpedos. Pelo contrário. Temos registrado aumento significativo no tráfego desse serviço, com consequente aumento de receita para a operadora”, diz.
A Oi também vem registrando expressivo aumento do volume de SMS. Nos últimos dois anos, o tráfego de mensagens pessoais cresceu 3,5 vezes graças às ofertas agressivas da empresa, com até 88% de desconto na comparação com o preço do SMS avulso.
“Os aparelhos têm um papel importante na adoção e uso de serviços de mensagem”, afirma Eduardo Aspesi, diretor de Segmentos da Oi. “Clientes com aparelhos antigos, ao migrarem para aparelhos “messaging phones” ou “smartphones”, aumentam significativamente a experimentação do SMS e redes sociais, pois a sua experiência se torna fluida e natural.”
Indagada quanto ao tráfego de SMS, a TIM confirma que segue aumentando. “Mesmo com o crescimento dos apps móveis de mensagens, tanto a receita de SMS quanto a de dados continua em constante evolução. Há espaço para os dois serviços no mercado brasileiro”, diz Flávio Ferreira, gerente de serviços de valor agregado da TIM. “O SMS aumentou muito em penetração do serviço e no volume de mensagens depois que lançamos nossas ofertas, o que demonstra que havia uma demanda reprimida entre os consumidores.”
Também para a Vivo, o torpedo tradicional ainda está longe de sair de cena. “Em um mundo cada vez mais conectado, em que mais pessoas têm smartphones com planos de dados, esses próprios aplicativos on-line disseminam ainda mais um hábito de dispender tempo se comunicando pela via eletrônica. Isso cria uma dinâmica positiva e, diante disso, o que vemos é que o SMS continua crescendo”, comenta Fábio Albuquerque Freitas, diretor de serviços de valor agregado da Vivo. “Há crescimento nas vendas tanto de “feature phones” (celulares mais simples, sem internet) quanto de smartphones, e, nesse panorama, o uso de SMS também aumenta, mesmo com as altas taxas de conversão de usuários de celulares modestos para smartphones.”
Para os usuários mais conectados, porém, o SMS já é coisa do passado. É o caso de Alexandre Freire, consultor de segurança e docente do Núcleo de Computação Eletrônica da UFRJ. Mas ele lembra que os aplicativos móveis podem trazer riscos à segurança. Hackers e criminosos têm enviado mensagens falsas de texto a partir desses programas fazendo-se passar por representantes do serviço móvel e pedindo para a vítima inadvertidamente instalar algum programa maligno.
“Com o maior uso de gadgets móveis, os invasores estão se aperfeiçoando em disseminar códigos maliciosos para esta nova e imensa superfície de ataques, que são os telefones celulares em seus diversos sistemas operacionais. Todos estão vulneráveis à instalação de malwares que podem controlar ligações recebidas, interceptar chamadas, fazer escutas, tirar fotos sem que o usuário perceba e até rastrear a localização do aparelho.
Mas há os usuários que vivenciam intensamente a sobrevida dos SMS, às vezes com distorções inusitadas. “Nunca usei tanto SMS na minha vida. O motivo é que, com esses apps novos, o preço do SMS tendeu a zero. Porém a minha mãe, de 70 e poucos, usa WhatsApp”, diz o economista Eduardo Ramos, reitor do Instituto Infnet.
Entre os apps móveis, o WhatsApp virou verdadeira febre no Brasil, só superado pelo Facebook. Conhecido como “whats” entre os adolescentes, é o app preferido de muitos. “Abandonei completamente os SMS, só uso whats e Face, a não ser que tenha que falar com amigos que ainda não tenham o whats, ou com pessoas que têm mas não conseguem usar direito, como meu pai”, confessa Martina Coletti, estudante carioca de 15 anos.
Os novos apps móveis de papo são realmente práticos. Mas, como qualquer ferramenta, exigem cuidados no uso. Vanessa Klein, técnica e professora de informática, está tendo um sério abalo em seu casamento. “São 17 anos de relacionamento, mas tudo está vindo abaixo por causa de um fã que mandou uma mensagem no WhatsApp e foi correspondido por mim. Para fugir das vasculhadelas do meu marido, fui para o Facebook Messenger e, após ser descoberta, estou agora no Viber. Nunca usaria SMS para este caso maluco extraconjugal, que, afinal, é apenas virtual”, conta.