O anunciado acordo de compartilhamento de infraestrutura e mesmo de frequência, se possível do ponto de vista da regulamentação, entre Telefônica|Vivo e Claro no Brasil para a construção da rede LTE de quarta geração não é uma iniciativa localizada. De acordo com Eduardo Navarro, diretor de estratégias e alianças da Telefónica S.A., as negociações entre o grupo espanhol e o grupo mexicano se dão em nível regional. “O namoro é regional, mas o casamento, se vier a acontecer, será realizado em cada país do continente”, explicou ele, lembrando que cada país tem sua especificidade regulatória e de mercado.
Além disso, registrou, cada operadora celular tem uma posição particular nesses países e é preciso evitar que as dificuldades de acordo em um país contaminem as negociações em outro, referindo-se aos casos do México e Colombia onde o market share da Claro é muito superior ao da Movistar, a marca celular da Telefónica no continente, à exceção do Brasil.
Navarro, que mora na Espanha, veio a São Paulo participar de um evento na Câmara de Comércio da Espanha no Brasil, promovido pelo Conselho Empresarial para a Competitividade, que é presidido por Cesar Alierta, presidente da Telefónica. Em sua exposição a empresários espanhóis que residem no Brasil e brasileiros que têm interesse na Espanha, o economista chefe e gerente do Departamento de Pesquisas do BID, José Juan Ruiz, disse que a Espanha já fez profundos ajustes em sua economia, a começar pela reorganização do sistema bancário, e já criou as condições para voltar a crescer a partir de 2014. A crise, lembrou ele, foi profunda, custou 20% dos postos de trabalho. “Mas a partir do próximo trimestre provavelmente o país já terá condições de começar a se financiar pelo mercado e não mais pelo Banco Central europeu”, disse.
O ajuste da economia espanhola passa também pelo ajuste das grandes empresas e pelo seu aumento de competitividade. Navarro, ao fazer a apresentação de José Juan Ruiz, disse que a Telefónica conseguiu reduzir sua dívida em 11 bilhões de euros em 2012 e que, ao final deste ano, vai cumprir a meta prometida ao mercado de chegar a uma dívida líquida de 47 bilhões. Nesse cenário, segundo ele, a Telefónica não precisa vender novos ativos para se financiar. “Só vamos vender se surgir um bom negócio”, contou ele, em entrevista. Da mesma forma, informou que a Telefónica não programa nenhum IPO na região. “Isso só vai acontecer se surgir uma oportunidade interessante, mas não para financiar a dívida, o que será feito com a geração de caixa.”