Em julho de 2012, a Anatel suspendeu as vendas de TIM, Claro e Oi em diversos Estados por 11 dias, por conta da má qualidade na prestação de serviços, e obrigou todas as empresas a apresentarem planos de melhorias. A ação da Anatel reforçou a percepção negativa dos serviços móveis no país.
“Tenho medo que o 4G seja uma nova geração de problemas em relação ao que a gente já vê no 3G”, disse Veridiana Alimonti, advogada do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor.
A própria cadeia de telecomunicações, por sua vez, reconhece as dificuldades. “Atualmente, 80 a 85% da população (urbana) conta com cobertura 3G, mas não com a qualidade aceita de banda larga móvel”, afirmou o diretor de Inteligência de Mercado da Ericsson para América Latina, André Gildin.
Gildin também disse ter visto contenção por equipamentos no primeiro trimestre. “A demanda por 3G não parou…mas, no fundo, é natural segurar um pouco o 3G para cumprir a meta do 4G”.
Em nota, TIM e Telefônica|Vivo negaram ter reduzido as compras de estações rádio-base no começo do ano, ao passo que a Oi reforçou sua estratégia para crescer nesses segmentos. Todas as empresas, inclusive a Claro, disseram estar comprometidas com o avanço da cobertura 3G e 4G e também com a qualidade dos serviços e de melhorias das redes.
O 3G é considerado uma das principais alternativas para a rentabilização da base de clientes das operadoras e só tende a crescer, segundo avaliações no setor, ao passo que o 4G ainda pode demorar anos para decolar em volume, mesmo oferecendo uma velocidade superior de conexão.
Mas se carece de volume, a rede 4G pode compensar em capacidade, ajudando a desafogar as redes de terceira geração, além de colocarem o país num patamar mais avançado de telecomunicações.
Negligenciar esse segmento poderia ser encarado como ficar para trás perante o avanço tecnológico do mercado, afirmou o executivo de uma grande operadora. “Não dava para ninguém ficar fora do 4G”, disse o executivo que preferiu não ser identificado.
Assim, as maiores operadoras têm buscado alternativas para diluir os custos dos investimentos 4G. TIM e Oi já iniciaram parceria de compartilhamento de infraestrutura, enquanto Vivo e Claro estudam essa possibilidade.
De qualquer forma, expandir o 3G e implementar o 4G ao mesmo tempo tem forçado operadoras a elevar seus investimentos, pressionando os gastos.
A Vivo, do grupo Telefônica Brasil, anunciou em março que investirá 12,5% a mais neste ano, excluindo aquisições, para expandir sua rede de fibra ótica, aumentar a qualidade de serviços e, claro, instalar o 4G.
A TIM também elevou suas previsões de investimentos até 2015, em quase 20%, em boa parte por causa do 4G, no qual espera gastar R$ 1,5 bilhão em três anos.
Já a Oi manteve sua meta de investimentos em R$ 6 bilhões neste ano, mas os gastos de capital no primeiro trimestre superaram em 55% o montante aplicado no mesmo período de 2012. Os investimentos em 4G da Oi nos próximos anos totalizarão R$ 800 milhões
Por sua vez, a Claro investirá R$ 6,4 bilhões até o fim de 2014, principalmente em infraestrutura para 3G e 4G.