O governo já pode ter uma boa ideia de quanto dinheiro teria que alavancar para levar telefonia móvel e acesso à Internet para as áreas rurais do Brasil, como quer o Ministério das Comunicações: segundo as teles, vale considerar o custo médio de R$ 500 mil por cada antena integrada à rede, o que levaria a projeção beirar os R$ 10 bilhões.
“O Brasil tem 22 mil distritos. Supondo que poderíamos resolver instalando uma antena em cada um deles, teríamos uma necessidade de R$ 10 bilhões além do investimento natural das empresas”, avalia o diretor executivo do sindicato nacional das teles, o Sinditelebrasil, Eduardo Levy.
Ainda que boa parte dessa cobertura faça parte das obrigações associadas à faixa de 450 MHz, leiloada no ano passado, o Ministério das Comunicações calcula que algo da ordem de 10 mil distritos ainda assim ficarão sem atendimento, e convidou as teles a encontrarem solução para essa lacuna. Para tal, o governo facilitaria acesso a financiamentos públicos.
Levy parte de uma projeção de que cada antena, aí incluída a infraestrutura para conectá-la, custa em média R$ 500 mil, segundo ele, desconsiderando as diferenças entre instalar uma estrutura no Sul ou no Norte do país. Ele pondera, no entanto, que a dificuldade não é apenas financeira.
“É preciso avaliar se mesmo os fornecedores teriam condições de atender tanta encomenda. É mais ou menos como dar R$ 500 milhões para alguém gastar no shopping center em uma hora”, avalia. A comparação vale para a intenção expressa do Minicom de antecipar a cobertura rural de telecomunicações.
A estimativa dos R$ 500 mil por antena foi feita durante a audiência pública realizada ontem (29) na Câmara dos Deputados em resposta às necessidades do 4G. As teles têm uma conta de que será preciso instalar 9,5 mil ERBs novas nas 12 cidades-sede da Copa do Mundo, ou seja, quase R$ 5 bilhões.
Não por menos, as empresas aproveitaram a reunião para pedir, novamente, celeridade na aprovação do projeto de Lei das Antenas, que já passou pelo Senado e ainda está sujeito a negociações para ser votado diretamente pelo Plenário da Câmara.
“Precisamos da ajuda do Congresso Nacional para avançarmos em qualidade e cobertura, e isso não vai acontecer sem uma legislação federal de antenas e de ajuda nas bases de cada parlamentar, em relação às normas que dificultam a implantação”, defendeu o presidente da Vivo, Antonio Carlos Valente.