As incertezas que rondam a Oi crescem ainda mais com o anúncio na véspera da saída dos diretores de operações e financeiro da empresa na véspera. Em refletexo, as ações ordinárias da companhia caíam 3,76% às 12h26 (horário de Brasília), a R$ 4,10, enquanto as preferenciais recuavam 6,78%, a R$ 3,71. No mesmo horário, o Ibovespa registrava queda de 1,79%, a 47.353 pontos.
Na mínima do dia, os papéis ONs caíram 5,40%, a R$ 4,03, e os PNs recuaram 7,79%, a R$ 3,67. No acumulado do ano, essas ações registram perdas de 51,86% e 51,24%, respectivamente.
Por meio de fato relevante enviado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), a Oi comunicou a saída do diretor Alex Zornig, responsável pelas áreas de finanças e de relações com investidores, e de James Meaney, que ocupava a direção de operações da companhia. Até que seja concluída a escolha de um novo diretor de finanças e RI, o cargo será assumido interinamente por Bayard Gontijo, atual diretor de tesouraria.
A mudança na administração da empresa reflete deteminadas alterações estruturais realizadas na companhia desde a nomeação de Zeinal Bava como diretor presidente da Oi, anunciada ao mercado em 4 de junho. Até aquele momento, José Mauro Mettrau Carneiro Cunha ocupava o cargo interinamente, desde a saída de Francisco Valim, em 22 de janeiro deste ano.
Segundo o analista Alex Pardellas, da CGD, embora seja natural esse processo, devido à contratação de Bava, a notícia pode aumentar ainda mais as incertezas sobre a empresa, destacando ainda que os diretores de inovação e tecnologia e de gestão da companhia já haviam deixado a Oi no início de junho.
Com essas mudanças, ele ressalta que é possível que Bava atue diretamente na área operacional, sem a participação do diretor de operações, aumentando a velocidade na tomada de decisões.
Bava tem como desafio conseguir alterar a tendência de crescimento do endividamento da empresa. Ao final de 2011, a relação dívida líquida pelo Ebitda (Lucro, antes de juros, impostos, depreciação e amortização) em 12 meses era de 1,78 vezes. No entanto, com a forte pressão dos planos de investimento e distribuição de proventos aos acionistas para o período entre 2012 e 2015 (que devem totalizar um montante de R$ 32 bilhões no intervalo), esta relação de endividamento avançou para 3,05 no primeiro trimestre de 2013.
Esse quadro tem gerado descontentamento por parte dos analistas de mercado. Em função disso, a Planner Corretora ressaltou que os planos de investimento e remuneração aos acionistas da companhia demonstramse incompatíveis com a sua geração de caixa, de modo que o novo diretor presidente deverá avaliar estas condições para garantir a estabilidade financeira da empresa.
Esse fato contribui para que os papéis PNs (que possuem direito sobre pagamento de dividendos) sejam mais penalizados nesta sessão do que os ONs (que possuem direito a voto). O mercado já trabalha com a hipótese da empresa descumprir sua promessa de pagar R$ 2 bilhões em dividendos este ano, uma vez que a maior operadora de telefonia fixa do País se comprometeu a pagar R$ 1 bilhão em agosto somente se encerrasse este trimestre com a relação dívida/Ebitda abaixo de 3.