Francisco Valim, o CEO mais caro da história das telecomunicações brasileiras, vai processar a Oi em R$ 100 milhões (35 milhões de euros) depois de ter sido despedido em janeiro por maus resultados. Apesar de só ter ficado 18 meses à frente da operadora brasileira (agora liderada por Zeinal Bava) Valim quer receber a totalidade dos quatro anos previstos no contrato e já colocou uma ação no Tribunal da Relação do Rio de Janeiro. O ex-CEO recebia perto de 700 mil euros de salário por mês (incluindo remuneração fixa e prêmios de desempenho), quase 35 milhões de euros para o período de quatro anos.
Em 2010, a escolha de Valim coincidiu com o início da reestruturação da empresa, mas depois de apresentar um plano de investimento ambicioso (R$ 8 bilhões entre 2012 e 2015) e um generoso dividendo de R$ 700 milhões/ano, o ex-CEO viu os resultados degradarem-se no final de 2011 A dívida líquida acumulada, de 9,3 bilhões de euros, a queda das receitas e o aumento de custos levou os acionistas (incluindo a Portugal Telecom) a afastarem Valim em nome de uma solução interna.
Durante seis meses, o chairman, José Mauro Carneiro da Cunha, acumulou a presidência com a gestão executiva até que, há duas semanas, a Oi confirmou Zeinal Bava como o novo CEO da empresa, acumulando este cargo com a liderança da PT Portugal. O novo plano estratégico, ainda deverá demorar, mas a empresa já ganhou com o anúncio: depois de perder 44% desde a saída de Valim, a Oi subiu 20% na Bolsa, para chegar aos R$ 5,48.
Forte na telefonia fixa, a Oi é apenas quarta nos telefones celulares, ultrapassada pela Vivo (de onde saiu a PT), TIM e Claro. A complexidade da empresa, a perda de receitas no fixo e a fraca competitividade no móvel são alguns dos problemas apontados pelo mercado à Oi, onde a PT tem 27% do capital.
A reforma do Estado vai ajudar a PT a duplicar as vendas a empresas e à administração pública. Depois de, em 2012, as vendas da PT Pro terem subido 5%, para 56 milhões, a expectativa é que este tipo de serviços cresça 50% nos próximos três anos. “Quer no domínio público quer no privado, o outsourcing de processos tem uma natural tendência de crescimento”, garantiu o porta-voz da empresa, citado pela agência Reuters. Com 200 clientes, a PT Pro ajuda as empresas a gerir processos de cobranças, recursos humanos, imobiliário e documentos, entre outros.