No final da postagem anterior informamos que a presidenta Dilma Rousseff não deu aval para que o BNDES faça aporte de R$ 3,5 bilhões e, assim, mantenha sua participação na companhia resultante da fusão entre Oi e Portugal Telecom. Acompanhe agora os principais motivos que levaram o governo a tomar essa decisão:
O banco vai desembolsar o mínimo possível para manter o máximo de participação, algo entre 8% e 10% da nova companhia, caso os sócios privados encontrem uma forma de viabilizar a fusão sem uma participação efetiva do banco.
Os sócios privados ainda não têm um plano B devidamente preparado.
A preocupação do governo não é só o custo político dessa fusão. Como sócio, por meio do BNDES, o governo já interferiu diversas vezes para que a Oi se tornasse uma gigante do setor.
A Oi foi a operadora que mais recebeu recursos do BNDES destinados às teles desde a privatização. Mesmo assim, não é a empresa líder do mercado nem a gigante brasileira a operar em escala global, como pretendia o ex-presidente Lula.
Entre 1998 e 2007, a Oi recebeu R$ 6,5 bilhões do BNDES, 30% dos R$ 21,8 bilhões liberados ao setor. A Brasil Telecom (BrT) recebeu R$ 6,1 bilhões (28%), ocupando a segunda posição em uma lista com nove grupos.
Entre 2008 e o primeiro trimestre de 2013, seis grupos procuraram o banco e a Oi ficou com 60% dos R$ 22,7 bilhões liberados ao setor no período considerado.
A BrT foi incorporada pela Oi em janeiro de 2009, e a Telefónica adquiriu o controle da Vivo, em julho de 2010.
Considerando a incorporação da BrT, a Oi praticamente manteve o nível de recursos solicitados ao BNDES.
O problema é que a Telefónica ganhou a liderança em clientes e receitas e reduziu os pedidos ao BNDES. Entre 1998 e 2007, o grupo espanhol ficou com 22% dos recursos, média que caiu para 14%, entre 2008 e 2013.
Hoje, o maior problema da Oi é a dívida decorrente da aquisição da BrT. O negócio contou com a ajuda do ex-presidente Lula, que autorizou uma mudança na legislação para a compra.
Novas dívidas da BrT vieram à tona, houve dificuldade em pagar minoritários que não aceitaram os valores oferecidos para deixarem a companhia e o negócio terminou custando mais que o previsto. Resultado: o endividamento bateu em R$ 30 bilhões em 2010, quando a PT tornou-se acionista da Oi.
Com a injeção de recursos da PT, o endividamento sofreu uma redução, mas, neste ano, voltou a crescer, chegando a R$ 25 bilhões, por questões gerenciais.
Desde o final do ano passado, após a incorporação definitiva da Brasil Telecom, os papéis com direito a voto acumulam perdas de 54%, e os preferenciais, de 53%.