De modo a refletir as estimativas mais conservadoras para a geração operacional de caixa, o analista da Ágora Corretora, José Cataldo, reduziu o preço-alvo das ações da Oi, mas com recomendação de compra para os ativos, destacando a preferência por ações ordinárias da companhia. Além disso, a possibilidade de suspensão dos dividendos é bastante alta, acredita.
Cataldo possui agora um preço-alvo de R$ 7,00 para os ativos OIBR4, ante R$ 8,60. Para OIBR3, o target caiu de R$ 10,30 para R$ 8,40. Estes valores representam um potencial de valorização respectivos de 48,94% e 57,89% frente ao último fechamento. Ele ressalta ainda que o cenário para a Oi é mais arriscado, dado o aumento da taxa de juros no Brasil, o lento crescimento da economia, bem como o alto nível de endividamento da empresa.
Por outro lado, o analista aumentou a projeção para a venda de ativos pela Oi, que poderá compensar em parte o aumento do “consumo” de caixa, enquanto a expectativa pelo pagamento de dividendos diminuiu para R$ 1 bilhão em 2013. “Ou seja, acreditamos que o pagamento de dividendos, previsto pela empresa para o segundo semestre, será suspenso”.
O pagamento de dividendos da Oi, no segundo semestre de 2013, tornou-se mais difícil, tendo em vista os resultados do primeiro trimestre, bem como o fato de que a venda de direitos de uso de torres de telefonia fixa, no valor de R$ 1,1 bilhão, está sujeita à aprovação da Anatel. Para ele, esta situação deve ser improvável de ser feita até a data prevista para o pagamento de dividendos.
Além disso, a Oi deverá pagar cerca de R$ 600 milhões no segundo trimestre referente ao restante da sua licença para 4G e gastos relativos às concessões de telefonia fixa. “Sendo assim, não consideramos viável o pagamento de R$ 1,1 bilhão em dividendos programados para o segundo semestre de 2013″, afirma o analista.
Para ele, os dividendos só irão alcançar R$ 1 bilhão em 2014, quando o indicador entre a dívida líquida e o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) tende a retornar o patamar inferior a três vezes, limite este estabelecido pela Oi para o seu programa de dividendos.
Por outro lado, apesar da redução pela metade dos dividendos previstos, o dividend yield (dividendos pago por ação/cotação da ação) segue atrativo, em torno de 13% em 2014.
Assim, avalia, os desafios da Oi deverão permanecer, aponta Cataldo, em meio à necessidade de investimentos mais elevados, o considerável aumento de capital de giro previsto, além das altas despesas financeiras.
Contudo, a Oi tende a controlar o seu “consumo” de caixa através da venda de ativos não essenciais, o que pode ampliar o prazo para que a empresa consiga entregar seu projeto de reestruturação.
Por fim, Cataldo destaca a nomeação de Zeinal Bava como diretor presidente da companhia como a mais acertada possível, por ser um executivo bem respeitado e experiente no setor de telecomunicações, ter possivelmente um bom relacionamento com acionistas controladores. Por fim, ele deve ajudar a Oi a priorizar suas necessidades de investimento, reduzir a dívida e os dividendos.