Recentemente noticiamos por aqui que a Oi e a operadora Portugal Telecom estariam negociando uma fusão entre elas. Porém, a Oi negou por meio de nota a existência de negociações “no momento” para uma fusão com a Portugal Telecom (PT), que detém uma participação de 23,3% na operadora. A brasileira agora liderada por Zeinal Bava, ex-presidente-executivo da PT, tem estado no centro de rumores de mercado sobre uma fusão, que se intensificaram com a passagem de Bava para a presidência da brasileira no início do mês, de tal forma que o regulador de mercado pediu esclarecimentos.
Em comunicado, a Oi negou formalmente que estejam a decorrer negociações “no momento”. “Não há no momento negociação entre a Portugal Telecom e a Oi visando uma fusão”, segundo o documento enviado ao regulador de mercado brasileiro. A operadora reforça, contudo, que “a Oi e a Portugal Telecom têm uma parceria estratégica e tecnológica (‘Aliança industrial’), pela qual há a constante busca e análise de alternativas que possam intensificar esta aliança industrial”.
Esta será a forma de as duas empresas assegurarem “uma melhoria operacional, ampliar presença internacional e alavancar sinergias entre estas companhias, especialmente nas áreas de engenharia, rede de tecnologia e inovação de serviços”, explica a operadora brasileira.
Zeinal Bava assumiu a presidência da Oi em 4 de Junho e, desde então, os rumores intensificaram-se. Na semana passada, um famoso jornal de São Paulo voltou a noticiar que estaria sendo preparada a operação para juntar as duas empresas, num momento em que o setor das telecomunicações na Europa está em consolidação (o grupo Vodafone comprou a operadora de cabo alemã Kabel por 7,7 mil milhões de euros para crescer no mercado europeu).
No entanto, os analistas veem uma eventual operação de fusão com cautela, considerando que o essencial é o foco no ‘turnaround’ da Oi. Zeinal Bava começou já a substituir a direção de topo e a identificar sinergias entre as duas empresas. O objetivo de Bava é manter a capacidade de investimento da Oi sem aumentar o endividamento, um dos principais problemas da empresa, que atinge 9,7 mil milhões de euros.
A dívida, de resto, já levantou preocupações dos analistas relativamente à capacidade de distribuição de dividendos da empresa. A Oi poderá ter de reduzir ou suspender a remuneração acionista (está prevista a distribuição de mil milhões de reais (330 milhões de euros) em Setembro), o que terá impacto na própria capacidade da PT de pagar dividendos, acreditam os analistas.
A operadora liderada por Henrique Granadeiro está, em parte, dependente do dividendo da Oi e da angolana Unitel para remunerar os acionistas (o compromisso é de pagar 0,325 euros ilíquidos até 2014 e gastar 200 milhões de euros em ações próprias). Se os dividendos da Oi forem reduzidos, ou suspensos, a PT poderá ter de rever a sua estratégia de remuneração acionista.