“O que tornou o Brasil vulnerável à espionagem dos Estados Unidos foi a privatização das telecomunicações”. A afirmação é do engenheiro Telmo Cardoso Lustosa, membro do Conselho Diretor do Clube de Engenharia, ao comentar críticas veiculadas na mídia ao ministro das Telecomunicações, Paulo Bernardo.
De acordo com Lustosa, que participou da equipe da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) na gestão de Samuel Pinheiro Guimarães, o “pecado” de Bernardo é não dar seguimento ao plano do ex-presidente Lula, “de fortalecer a Telebrás e tratar a internet como um serviço público”.
O engenheiro, que representa o Clube de Engenharia na Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e o Direito a Comunicação, coordenada pela deputada Luiza Erundina (PSB-SP), sublinha que nenhum país desenvolvido entregou o controle das comunicações a empresas privadas, muito menos estrangeiras. “A própria área militar hoje está muito preocupada. Os satélites que tínhamos estão nas mãos de uma empresa mexicana, após passarem por uma americana”, argumenta.
Lustosa acrescenta que mesmo o satélite sendo estrangeiro e lançado de bases não controladas pelo Brasil poderia ser controlado pelo Estado, algo que não está ocorrendo. “Antes o controle dos satélites era feito pela Embratel, o que não mais ocorre por conta da privatização. Temos tecnologia para fabricar pequenos foguetes e satélites, desenvolvida em São José dos Campos, em parceria com a China e depois com a Ucrânia. Mas os americanos estão pressionando contra e o projeto não está caminhando”.
O engenheiro reitera que Paulo Bernardo não deu continuidade ao que Lula deixou encaminhado. “A Telebrás continua com orçamento limitado. O ministro tem defendido as teses das empresas, tanto ao não considerar a internet como serviço público, quanto ao fazer o discurso da direita em relação à liberdade de expressão quando o assunto é radiodifusão”, resume.