O executivo moçambicano Zeinal Bava, atual presidente da Oi, tem a fama de ser um bom vendedor. Essa reputação foi conquistada ao longo dos mais de seis anos em que comandou a Portugal Telecom (PT), empresa que detém uma parcela de 23% da Oi. Nesse período, Bava liderou uma virada na companhia após uma oferta hostil de compra lançada pelo grupo Sonae em 2006. Em 2010, ele negociou a venda dos 50% que a PT possuía na Vivo, maior operadora de telefonia celular do País, para a Telefônica, ampliando o valor final da transação de € 5,7 bilhões para € 7,5 bilhões. Desde junho deste ano, quando assumiu o comando da Oi, o executivo vem fazendo jus a essa fama.
Na segunda-feira 15, a Oi anunciou a venda da Globenet, empresa que opera cabos submarinos, por R$ 1,74 bilhão, para um fundo pertencente ao banco BTG Pactual. A operadora também fechou um acordo para ceder o direito de exploração comercial de 2.113 torres de telefonia celular para a SBA Torres, especializada nesse tipo de tecnologia, por R$ 686,7 milhões. A empresa contabiliza mais R$ 1 bilhão em ganhos não recorrentes envolvendo a venda de torres, desde janeiro. No total, mais de R$ 3 bilhões passaram a reforçar o caixa da empresa. Essas operações fazem parte de uma estratégia de venda de ativos não estratégicos para o negócio, instituída no ano passado pelo conselho de administração da companhia.
Bava, que na época era membro desse colegiado, foi um dos principais defensores do plano. O objetivo é reduzir o nível de endividamento da operadora, que chegava a R$ 27,5 bilhões no primeiro trimestre deste ano. A relação dívida/Ebitda estava em 3,05, acima do limite de 3,0 estabelecido pelos controladores para a distribuição de dividendos aos acionistas. A expectativa é de que essa relação suba para 3,2 no balanço do segundo trimestre, que será divulgado no dia 13 de agosto. “A redução do endividamento é importante não só pelos dividendos, mas também para que a Oi consiga pôr em prática seu plano de investimentos”, afirma Karina Freitas, analista da corretora Concórdia. A empresa prevê investir neste ano R$ 6 bilhões em infraestrutura.
Após a venda da Globenet, as ações da Oi subiram 9,8%, um indicativo de que os investidores aprovam essa estratégia. Em relatório divulgado na semana passada a agência de classificação de risco Moody’s considerou as transações como positivas. Segundo analistas, a empresa ainda teria 39 prédios e 4 mil torres disponíveis para serem negociados, ativos que podem gerar R$ 1,5 bilhão. Para Karina, não será difícil se desfazer desses bens.
“A Oi está se aproveitando de uma janela de oportunidades que se abriu por conta dos investimentos para a implantação do 4G no Brasil”, afirma. “A maioria das operadoras considera alugar ou compartilhar essa infraestrutura para minimizar os riscos.” A seu favor, a companhia, que não quis se pronunciar para esta postagem, também conta com as habilidades de Bava.
Conhecido por seu estilo direto, ele costuma ser rápido nas decisões. Executivos acostumados a trabalhar com o moçambicano relatam que suas reuniões dificilmente ultrapassam dez minutos. Ao menor sinal de divagação dos interlocutores, Bava rapidamente intervém para retomar o foco da conversa, o que garante um alto nível de produtividade. Apesar do pouco tempo em que está à frente da Oi, já é possível perceber mudanças. A começar pela saída de cinco dos sete executivos que faziam parte do mais alto escalão da operadora. Deixaram a companhia os diretores João de Deus Macedo, de planejamento, Julio Fonseca, de RH, Pedro Ripper, de inovação e tecnologia, James Meaney, responsável pela área operacional, e o diretor financeiro Alex Zornig.
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