A Proteste (Associação de Consumidores) percorreu aproximadamente 200 km em rodovias no Ceará para analisar como funciona a conexão 3G oferecida pelas 4 principais operadoras do País (Vivo, TIM, Claro e Oi) e constatou que navegar na internet de forma razoável fora de grandes centros urbanos é tarefa quase impossível. Traçar uma rota pelo Nordeste confiando apenas nas orientações feitas pelo GPS de seu aparelho celular ou tablet podem transformar essa viagem em pesadelo, devido à instabilidade do serviço.
O estudo revelou que apenas os usuários da Vivo conseguem navegar na internet de forma razoável (acima de 400 kbps) em mais da metade do trajeto feito no Ceará. Os técnicos responsáveis pela pesquisa viajaram de Mossoró, no Rio Grande do Norte, até Fortaleza, passando pela BR-304 e CE-040.
Os dados fazem parte do estudo da Proteste, que diagnosticou nas estradas do País uma conexão 3G ainda precária. Entre os dias 4 de março e 25 de abril, os técnicos percorreram, de carro, mais de 5 mil quilômetros em três regiões do Brasil. (Você encontra maiores detalhes aqui nesta matéria).
No Ceará, o acesso à internet foi testado em 11 pontos. Desse total, a Vivo atingiu a conexão 3G em sete pontos, sendo o primeiro trecho localizado entre os municípios de Icapuí e Aracati, o segundo em Beberibe, o terceiro em Cascavel, o quarto em Pindoretama, o quinto em Aquiraz e os dois últimos em Fortaleza.
Já a TIM conseguiu a conexão 3G em somente cinco pontos, sendo o primeiro no trecho entre Aracati e Beberibe, o segundo em Cascavel, o terceiro em Aquiraz e os dois últimos na Capital. A Oi alcançou a velocidade de download acima de 400 kbps em 3 locais, sendo dois em Fortaleza e a terceiro em Aracati. A operadora com o pior resultado foi a Claro, que não atingiu esse tipo de conexão em nenhum dos 11 pontos testados.
A coordenadora institucional da Proteste, Maria Inês Dolci, explica que a situação das estradas no Ceará segue a tendência constatada em todo o Brasil. “A conexão 3G só atinge bons níveis quando estamos nos centros urbanos. Quando estamos nas estradas, ou não temos conexão alguma ou o sinal é ruim. Confiar no uso do GPS durante uma viagem pelo Brasil, por exemplo, não é uma atitude confiável, devido a essa instabilidade de sinal”, destaca.
Um dos técnicos responsáveis pela pesquisa, Carlos Vieira, ressaltou que o levantamento foi baseado num chamado estudo de cenário. “É preciso destacar que esse panorama foi constatado durante o período em que nós passamos por esses locais. Em outro dia, a velocidade de determinada operadora pode até ser maior, mas no dia em que fizemos o teste, foi feito esse diagnóstico”, esclarece.
Maria Inês Dolci garante que o estudo será encaminhado à Anatel e lembra que, para ajudar a ampliar esse quadro sobre a cobertura 3G no País, foi lançada a campanha Em busca do 3G perdido. “Criamos um site com o mesmo nome da campanha para receber denúncias sobre problemas com o 3G. Ele ficará ativo por três meses e é muito importante que os usuário denunciem para exigirmos das operadoras as providências a serem tomadas”, completa.
A Claro rebateu a pesquisa ao afirmar que está presente com sua rede 3G nas principais rodovias do País. A operadora ainda garantiu que, até 2014, serão investidos R$ 6,3 bilhões no país em infraestrutura de rede, sendo parte desses investimentos destinada especificamente para o reforço da cobertura 3G nas estradas do País.
A TIM irá avaliar os resultados dos testes feitos pela Proteste para verificar oportunidades de melhoria em sua rede 3G ao longo das estradas brasileiras. A operadora, no entanto, ressaltou que as estradas brasileiras são rodeadas por montanhas e outros acidentes geográficos que podem impactar a qualidade da cobertura.
A Oi reconheceu que, atualmente, as estradas são cobertas, principalmente, com rede 2G. A operadora, porém, lembra que, de janeiro a junho deste ano, a Oi já levou a rede 3G para mais de 170 novos municípios.
A Vivo informou que a empresa está construindo novas rotas para 3G e 4G, para poder oferecer a conexão a novas cidades, no entanto, observa que há áreas que hoje só são possíveis de atender via satélite. A operadora alega que cerca de um terço dos municípios brasileiros têm legislações restritivas, que dificultam ou impedem a expansão da infraestrutura de telefonia móvel.