O grupo de telecomunicações Oi fechou o segundo trimestre com prejuízo, um resultado pior que o esperado pelo mercado e que veio acompanhado por um forte corte nos dividendos anuais, o que fez as ações da companhia caírem com força nesta quarta-feira (14).
A empresa teve prejuízo de R$ 124 milhões no período, ante lucro de R$ 347 milhões de um ano antes e de R$ 262 milhões do primeiro trimestre de 2013. Analistas esperavam, em média, lucro líquido de R$ 315,7 milhões para a operadora.
O novo presidente-executivo da Oi, o português Zeinal Bava, ex-presidente da Portugal Telecom, afirmou a analistas que a empresa ainda não atingiu o grau de excelência operacional que ele espera, mas prometeu melhorias no desempenho nos próximos trimestres.
A promessa é baseada em ações para reduzir em pelo menos 50% as provisões para devedores duvidosos, que dispararam 97% no trimestre, para mais de R$ 300 milhões. Além disso, ele afirmou que Oi precisa focar mais em gestão dos investimentos de acordo com a geração de caixa e ampliar a produtividade de equipes de campo em 20 a 40%.
Às 12h20 de hoje, as ações da Oi exibiam queda de 4,7%. No mesmo instante, o Ibovespa subia 0,3%. As ações da operadora chegaram a cair quase 11% pela manhã.
Enquanto a performance da empresa não apresenta os resultados esperados, o conselho de administração da Oi aprovou uma nova política de dividendos, que não é mais baseada em aspectos objetivos, como a manutenção de nível de alavancagem de três vezes a dívida líquida.
O plano anterior de distribuição de R$ 8 bilhões entre 2011 e 2014 foi substituído por uma estimativa de pagamentos anuais de R$ 500 milhões entre 2013 e 2016. Porém, o valor pode ficar abaixo disso, disse o diretor financeiro da Oi, Bayard Gontijo.
Os dividendos agora serão pagos com base na verificação do maior valor entre três variáveis: 25% sobre lucro líquido ajustado, ou 3% do patrimônio líquido ou 6% do capital social.
“O valor será determinado pelo maior desses três parâmetros, o que indicamos é que hoje esse valor é estimado em 500 milhões de reais, mas pode ser menor do que isso, eventualmente, caso estes três parâmetros fiquem num patamar menor”, disse Gontijo. O valor de 2013 será definido pelo conselho até outubro.
Zeinal, em sua primeira teleconferência a analistas desde que assumiu o comando da Oi em junho, afirmou que a operadora mantém a meta de investir R$ 6 bilhões em 2013. Mas como parte dos esforços de melhora na eficiência da empresa, o executivo afirmou que os dispêndios nos próximos anos poderão ser menores. A Oi investiu R$ 3,2 bilhões no primeiro semestre, crescimento de 30% sobre um ano antes.
Segundo o executivo, a Oi precisa de uma nova arquitetura de Tecnologia da Informação capaz de apoiar o esforço de ganho de produtividade e de foco em venda de produtos convergentes como banda larga e TV por assinatura e o esforço de “internalização” de trabalhos de manutenção de rede pode gerar incrementos no custo da companhia “no curto prazo”.
A Oi aumentou sua dívida em 25% ao final do segundo trimestre, no ano a ano, para R$ 29,49 bilhões, e o caixa disponível despencou 50%, para R$ 4,09 bilhões.
Executivos da empresa comentaram que a Oi ainda tem linhas de crédito aprovadas de R$ 8 bilhões que podem ser sacadas a qualquer momento, o que leva as disponibilidades da empresa a R$ 12 bilhões.
Apesar do quadro financeiro considerado como frágil por alguns analistas, Zeinal evitou fazer comentários durante a teleconferência sobre uma eventual chamada de aumento de capital para a reforçar as contas da empresa.
Gontijo lembrou que a Oi espera para entre novembro e dezembro impacto positivo de R$ 1,2 bilhão relativo à venda da rede de cabos submarinos Globenet ao BTG Pactual, anunciada em meados de julho.
No segundo trimestre, a Oi teve resultado operacional medido pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de cerca de R$ 1,8 bilhão, queda 16,4% sobre um ano antes, com margem recuando de 31,1 para 25,4%.
Zeinal afirmou que a Oi decidiu deixar de divulgar projeções de desempenho futuro e pediu paciência e compreensão dos investidores nos próximos seis meses, enquanto os números da companhia não refletirem os esforços de melhoria da nova gestão.
A Oi apurou alta de 2,4% na receita líquida, para R$ 7,07 bilhões, com unidades geradoras de receita avançando 3,3%, a 74,76 milhões.
O presidente da companhia disse que a Oi não deixará de ser “agressiva” no mercado, mas agirá com mais racionalidade na oferta de serviços e produtos. “Queremos que os números físicos se traduzam em fluxo de caixa”, afirmou o executivo.