04/11/2024

On Telecom será lançada esta semana no Brasil. Conheça mais detalhes sobre seu líder bilionário

O megainvestidor húngaro-americano George Soros, dono de uma fortuna de US$ 19,2 bilhões, é conhecido por suas tacadas de sucesso no mundo das finanças. Foi graças a apostas bem-sucedidas no mercado futuro que ele ganhou fama de Midas. Mas, além das jogadas nas bolsas de valores, Soros também possui um pé na chamada economia real. Inclusive no Brasil, onde já atua no segmento de etanol e energia por meio da Adecoagro, baseada na Argentina, e que está aplicando US$ 1 bilhão por aqui. Na terça-feira (06), a equipe comandada por Soros dará o pontapé inicial em outro negócio: a provedora de banda larga On Telecom, com a tecnologia de última geração 4G.

A empresa é resultado de uma associação com os investidores Fares Nassar e Zaki Rakib, de ascendência libanesa e egípcia, respectivamente, controladores da Sunrise, que atuava como operadora de tevê por assinatura em São Paulo. O investimento previsto para a On deve atingir a cifra de R$ 500 milhões. O serviço começou a ser ofertado em 1º de março em Itatiba, um dos polos industriais do interior paulista, com uma população de 100 mil habitantes. Apenas no primeiro mês de testes a companhia adicionou dois mil usuários à sua base de clientes. “O modelo de negócio da On é bem diferente do das grandes empresas do setor”, afirma a analista Georgia Jordan, especialista em telecomunicações da consultoria britânica Frost&Sullivan.

Por atuar com a tecnologia 4G, cujas licenças foram licitadas pela Anatel em junho de 2012, a vantagem da On é a possibilidade de oferecer pacotes com taxas de transmissão de dados que podem chegar a 100 Mbps, velocidade dez vezes mais rápida do que a das redes 3G. Para não bater de frente com as gigantes Vivo, Claro, TIM e Oi, a On optou por alguns diferenciais. Um deles é a tecnologia que permite levar o modem wireless para qualquer lugar em sua área de cobertura. Basta plugá-lo na rede elétrica. Além disso, para seduzir os clientes corporativos, a On desenvolveu junto com a chinesa Huawei um aparelho com bateria interna que funciona por quatro horas, em caso de queda de energia. 

O esforço inicial será feito nas regiões metropolitanas de Campinas, Ribeirão Preto e São José dos Campos – SP, apesar de a companhia ter licença para operar em 136 cidades. Em comum, esses municípios têm renda per capita acima da média nacional. “Boa parte das operadoras investiu mais fortemente nas capitais, deixando ainda muitos espaços a serem cobertos”, diz a analista da Frost&Sullivan. Soros e seus sócios, no entanto, não deverão parar por aí, embora o serviço de banda larga apresente grandes oportunidades no Brasil. “A penetração desse serviço é muito baixa no Brasil”, afirma Georgia. 

Para maximizar a receita, a diretoria da On já estuda atuar com TV por assinatura, utilizando o sistema de vídeo sob demanda, uma espécie de locadora virtual. A modalidade deverá ser incluída no cardápio de serviços a partir de meados de 2014, de acordo com pessoas próximas à operadora. Procurada, sua diretoria não quis se pronunciar. Apesar de parecer modesta, a On se encaixa na estratégia global de investimento em telefonia de Soros. Sua atuação já se estende à britânica Hyperotic, que atua com internet por fibra ótica e acaba de receber uma injeção de US$ 79 milhões de um dos fundos comandados pelo megainvestidor. Na distante Myanmar, na Ásia, Soros disputa com outros gigantes globais de telecomunicações o leilão para licenças de telefonia móvel.


No início da década de 1990, quando a unificação monetária da Europa começava a ganhar força, o megainvestidor George Soros surpreendeu o mundo ao apostar vigorosamente contra a libra esterlina. Em sua queda de braço com o Banco da Inglaterra, ele levou a melhor. Em apenas um dia, não só embolsou US$ 1 bilhão como precipitou a decisão do governo britânico de sair do sistema unificado de moedas. A tacada serviu para aumentar a mística sobre seu faro infalível para investimentos de alto risco. 

Na semana passada, Soros entrou em outra disputa bilionária ao comprar uma fatia, cujo montante não foi divulgado, da Herbalife, empresa americana de suplementos nutricionais, cujo slogan “Quer emagrecer? Pergunte-me como” ficou amplamente conhecido. A aquisição aconteceu em meio a uma aposta no sentido contrário feita no mercado de opções da Bolsa de Nova York, pelo americano Bill Ackman, controlador do fundo Pershing Capital e dono de uma fortuna de US$ 1,2 bilhão. Desde dezembro do ano passado, Ackman tenta, sem sucesso, derrubar os preços das ações da Herbalife, para ganhar no mercado futuro . Ocorre que as ações não param de subir. Avançaram 109,4% nos sete primeiros meses deste ano, sendo 8,2% apenas na terça-feira 30, quando Soros entrou no negócio.
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