24/11/2024

Para GVT, consumo pesado da Internet faz bem ao negócio das teles

O consumidor “pesado” de dados faz bem às operadoras ao garantir a demanda constante pelo serviço oferecido. Em tempos de temores pela perenidade das redes de telecomunicações frente ao tráfego crescente de dados, a avaliação, assumida pela GVT, chega a ser uma surpresa. 

“O cliente que consome bastante é ótimo. Não acreditamos que o heavy user seja algo ruim. O usuário de banda larga consciente é bom, ruim é quem faz uso indevido, como o cliente que revende aquilo que contratou, o que é até ilegal”, avalia o diretor da GVT para o Centro-Oeste, José Eduardo Fernandes. 

Fernandes, que acaba de inaugurar em Brasília uma nova estação de comunicação por satélite para a oferta de TV por assinatura da GVT, lembra que o uso intensivo da Internet chegou para ficar. “A utilização da banda larga é uma atratividade no ambiente domiciliar, do celular à TV está tudo ligado.”

Apelidado de ‘teleporto’, o uplink na capital custou R$ 22 milhões e é capaz de gerir a operação da mesma forma que a unidade principal em Pinhais-PR. “O Teleporto é quem transmite o nosso modelo de aplicação de TV, transmite a interatividade, os canais em alta definição, toda a programação”, explica. 

A GVT entrou no mercado de TV paga no ano passado como forma de turbinar o que até aqui era o motor principal da operadora, a oferta de banda larga. Uma das estratégias é oferecer acesso à Internet também pela televisão. “É cada vez maior o número de devices conectados em uma residência”, diz o diretor.

Se um fornecedor agradece porque há consumidores ávidos por aquilo que ele oferece, nada mais natural, a não ser no mundo atual das telecomunicações, onde o apetite dos internautas por conteúdos pesados, como vídeos, é olhado sob o prisma de um problema para o ecossistema. 

Afinal, o crescimento da demanda já levou a União Internacional das Telecomunicações vaticinar um destino assustador, de que “as redes mundiais de banda larga poderão entrar em congestionamento incontrolável e até em colapso até 2015”. 

Os ‘suspeitos de sempre’ são aqueles heavy users. As operadoras defendem que eles devam ser tratados com medidas especiais. “Usuários que demandem recursos especiais de rede não devem produzir a socialização dos custos gerados por esse privilégio”, tem sido a posição oficial do setor. 

É um eufemismo para a implantação de modelos de negócios que inibam o consumo intenso de banda e reforcem as receitas, sobretaxas nesses usuários “pesados”. O detalhe raramente descrito é que a própria identificação de quem são esses heavy users é complicada. 

Pelo menos um estudo indica que essa classificação não é feita sobre uso da banda, mas pela quantidade de dados transferidos, os 5% com maior transferência são heavy. Acontece que pelo menos 48% dos usuários podem cair nesse critério em algum momento dos horários de pico.
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