26/12/2024

Mais de 7 milhões roubam o WiFi do vizinho no Brasil

Cerca de 7,1 milhões de brasileiros usam a internet a partir de uma rede sem fio (Wi-Fi) compartilhada com seus vizinhos, de acordo com levantamento da consultoria Data Popular.

Realizada no mês de junho, com 2 mil pessoas em 100 cidades de todos os Estados do País, a pesquisa verificou que a partilha do sinal é mais comum na classe média: 10% dos entrevistados disseram ter ou fornecer acesso ao Wi-Fi de seus vizinhos, nas classes alta e baixa, apenas 4% o fizeram.

“A partilha acontece de dois jeitos: ou a despesa é dividida pelos vizinhos, ou o dono da conta paga sozinho e libera o sinal para a vizinhança”, explica Renato Meirelles, presidente do Data Popular.

O levantamento do instituto levou em consideração apenas os casos em que o uso da conexão alheia é consentido. Não foram incluídos na pesquisa roubos de sinal ou ‘gatos’.

A maioria dos compartilhamentos de sinal, segundo a pesquisa, acontece em conexões de velocidades elevadas. “As contas com boas conexões têm preços altos, o que explica a opção do rateio”, diz Meirelles. Um plano da Net de 30 Mbps, fora do combo com TV paga, custa R$ 139,90 por mês, por exemplo.

Dos entrevistados entre 16 e 25 anos, 21% já compartilharam redes Wi-Fi. A proporção cai para 8% na faixa dos 26 a 39 anos, 3% entre 40 e 59 anos e 0% para maiores de 60 anos. Entre as regiões do país, o Sudeste lidera as estatísticas, com 8% de usuários que já dividiram conexões, seguido por Norte (7%) e Nordeste (6%).

Recentemente, o Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região negou recurso do Ministério Público Federal (MPF), que buscava considerar a partilha de sinal crime. Segundo o TRF, “a instalação de uma antena e de um roteador wireless para que seja possível a transmissão de sinal de internet por meio de radiofrequência não configura ilícito penal”.

Procurada, a Net não quis comentar se a partilha de sinal causa prejuízo à empresa, limitando-se a responder que “compartilhar a rede com desconhecidos traz risco à segurança e que o contrato das operadoras estabelece que a conexão Wi-Fi destina-se a uso exclusivo pelo titular, proibindo o compartilhamento da conexão entre habitações distintas”.

A Vivo, por sua vez, disse que “não considera que tal prática traga prejuízos. Quanto mais acessos houver, maior será a necessidade que o usuário sentirá de ter uma conexão mais potente, o que poderá levá-lo a contratar um plano de dados e não ficar dependente da rede de outra pessoa”. Para Renato Meirelles, a pesquisa demonstra que a população demanda internet. “Se as conexões fossem boas e baratas, tal prática não seria necessária.”
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