Em meio ao aumento da demanda por internet móvel, as operadoras estão buscando alternativas urbanísticas mais amigáveis para a instalação de antenas, e uma delas é utilizar os postes de iluminação, estratégia já adotada pela Vivo e analisada por Oi, TIM, Claro e Nextel.
De acordo com dados da Anatel, existem hoje 60,4 mil torres de telecomunicações no Brasil. Mas com o aumento estimado de 200 por cento do tráfego de rede com uso de tablets e smartphones nos últimos anos, esse volume já não é suficiente para atender a demanda, segundo o sindicato das empresas do setor, o Sinditelebrasil.
As operadoras dizem ter dificuldades para instalar novas antenas devido a restrições urbanísticas impostas por legislações municipais, o que faz com que a aprovação para novas torres demorar até um ano para sair, disse o diretor do sindicato, Carlos Duprat.
“Existem mais de 250 municípios com legislações próprias para a instalação de antenas e todas muito restritivas”, declarou Duprat.
Uma proposta para normatizar a instalação dos equipamentos, apoiada pelo governo federal, tramita no Congresso Nacional.
Para apresentar alternativas mais amigáveis do ponto de vista urbanístico, a Vivo lançou há cerca de quatro meses o projeto-piloto “Site Sustentável” em parceria com o Sinditelebrasil e aprovado pela prefeitura do Rio de Janeiro.
O projeto consiste em colocar antenas em postes de iluminação, com equipamentos enterrados no subterrâneo, evitando assim instalar elementos novos no mobiliário urbano.
O diretor de redes da Vivo, Leonardo Capdeville, explicou que há quatro anos as operadoras já podem instalar equipamentos de telefonia em postes de transmissão de energia elétrica. No entanto, esses postes ficavam sobrecarregados de equipamentos, o que poluía visualmente as cidades. “Passamos então a trabalhar em um modelo com impacto menor”, disse Capdeville.
A operadora já substituiu dez postes de luz no Rio de Janeiro, no qual foram instaladas antenas, e a expectativa é ampliar o projeto para outros municípios, chegando até o fim do ano com 70 postes e a 100 no país até abril de 2014.
Em setembro, a ideia começará a ser implantada em Manaus, e a empresa está em tratativas com os governos de São Paulo, Aracaju e Distrito Federal.
A Vivo entrou recentemente com pedido para patentear a tecnologia, mas diz estar disposta a abrir mão da patente para que outras operadoras adotem o projeto. Segundo Capdeville, algumas concorrentes já entraram em contato.
A troca do poste por outro semelhante, mas com antena, é mais barata que a instalação de estrutura de uma torre nova, cujo preço pode chegar a 300 mil reais, disse o executivo.
“O modelo que a gente tem era viável até a geração anterior, quando só era usado o serviço de voz. Agora com dados, esse modelo é insustentável”, disse Capdeville, admitindo que o ritmo de instalação de antenas no Brasil ainda é lento, “principal razão pela degradação da qualidade do serviço”.
Em média, são instaladas de dez a 20 antenas diariamente no país, segundo o diretor do Sinditelebrasil, Carlos Duprat. “A previsão é dobrar o número de antenas em três anos”, disse.
As empresas de telecomunicações investiram 25,8 bilhões de reais em infraestrutura de rede, incluindo antenas, em 2012, recorde histórico do setor, segundo números do sindicato. No primeiro trimestre, o volume de investimentos já foi superior ao do ano passado, com 5 bilhões de reais.
Duprat disse que todas as operadoras estão interessadas no projeto iniciado no Rio de Janeiro, que foi inspirado em experiências de outras cidades no mundo.
Consultada, a Oi afirmou em comunicado que avalia, junto a operadoras e fornecedores, projetos alternativos para implantação de antenas de telefonia com redução do impacto visual no meio urbano.
“A companhia ressalta que está analisando os riscos envolvidos em cada projeto e identificando as possibilidades de melhoria operacional que garantam a segurança e a sustentabilidade”, afirmou a empresa.
Procuradas, Claro, TIM e Nextel não comentaram.
O secretário de Conservação do município do Rio, Marcus Corrêa Bento, lembrou que a prefeitura publicou no fim de 2012 um decreto sobre instalação de antenas na cidade e deu prazo até novembro próximo para as operadoras organizarem suas redes.
“Várias empresas não tinham cadastramento das antenas que possuíam na cidade, então obrigamos as operadoras a fazer o inventário. Até novembro teremos o número final”, disse o secretário. “Havia empresas colocando caixas do tamanho de geladeira nos postes”, disse.
Segundo o secretário, outras operadoras apresentaram soluções urbanísticas “amigáveis” para as antenas, mas o projeto da Vivo é o mais avançado até o momento.