A Telefónica/Vivo vai adquirir o controle da holding Telco, principal acionista da Telecom Italia Mobile (TIM). A empresa espanhola concordou em capitalizar e aumentar sua participação em € 441 milhões (US$ 596 milhões ou R$ 1,306 bilhão) na holding, expandindo sua influência sobre a endividada empresa italiana e pavimentando o caminho para potenciais vendas de ativos.
A companhia espanhola pagará inicialmente € 324 milhões para aumentar sua fatia na Telco, veículo de investimento que detém 22,4% da Telecom Italia. A participação da Telefónica subirá de 46% para 66%. Os sócios da Telco Assicurazioni Generali, Intesa Sanpaolo e Mediobanca vão gradualmente reduzir suas fatias.
Em uma segunda fase da transação, a Telefónica vai pagar € 117 milhões adicionais para aumentar sua participação na Telco para 70%. As fatias de Generali, Intesa e Medioblanca combinadas vão cair para 30%.
Segundo o acordo divulgado nesta terça-feira (24), incialmente os direitos da Telefónica na Telco permanecem inalterados. Mas, em janeiro de 2014, a espanhola terá a opção de converter sua nova participação em votos. Desse modo, o peso da Telefónica em votações na Telco vai ultrapassar 50%: a companhia poderá apontar metade dos integrantes do conselho da Telco, com o restante a ser definido pelos sócios italianos.
A companhia espanhola terá ainda direito de preferência para adquirir os papéis restantes dos sócios italianos, a um preço de € 1,09 por ação. A Telefónica também aceitou adquirir parte do € 1,75 bilhão em bônus emitidos pela Telco no ano passado. Aumentar a participação de 46% para 70% vai custar cerca de € 420 milhões e a companhia espanhola vai financiar essa aquisição com suas próprias ações.
A Telecom Italia luta para se capitalizar e diminuir sua dívida estimada em US$ 38 bilhões. A agência de classificação de nota de crédito Moody’s tinha avisado em agosto que cortaria o grau de investimento, se em três meses a companhia italiana não conseguisse reforçar seu balanço, colocando mais pressão sobre o CEO da Telecom Italia, Franco Bernabe, para vender ativos.
“A Telecom Italia estava muito enfraquecida para continuar como um negócio isolado, por conta própria”, afirmou o analista da Universidade Biocca, de Milão, Andrea Giuricin.
O dinheiro do acordo vai ser usado para amortizar dívidas da Telecom Italia. Com isso, a companhia ganha tempo para estruturar vendas de ativos, entre os quais uma eventual negociação da TIM Brasil.