A fusão entre Oi e Portugal Telecom, deve aumentar a competição na TV interativa. A Oi já oferece o serviço de TV por assinatura, mas pode aprimorar sua plataforma de interatividade. A oferta do serviço tanto para consumidores residenciais quanto para empresas é a maior contribuição da Portugal Telecom ao novo grupo, o CorpCo.
Na TV por assinatura para empresas está o maior crescimento da base de clientes. Isso porque a Oi ainda não atua no segmento corporativo, e a Portugal Telecom tem uma base de clientes que soma 113 mil. Em seguida vem o crescimento de 31,4% na TV por assinatura residencial, oferecida agora pelo novo grupo a 1,1 milhão de clientes.
A Portugal Telecom tem 40,4% do mercado de TV por assinatura em seu país-sede e 28% da fatia em triple play (que une serviço de voz, dados e multimídia).
Renato Pasquini, da consultoria Frost & Sullivan, aponta que o movimento é estratégico para defender a base de clientes de telefonia fixa da operadora brasileira, que ainda corresponde a 32,4% da receita do grupo. “A Portugal Telecom tem experiência grande em serviços multimídia. É uma das operadoras com maior adesão ao serviço de TV paga. A Oi utilizará agora a mesma plataforma”, conta.
Hoje a Oi tem serviço de TV paga sem interatividade e recentemente realizou melhorias, como a transição do serviço para alta definição (HD). “Aprimorando o serviço, será possível competir com GVT e Net”, diz Pasquini.
Na avaliação de Beltran Simo, associado em Bogotá da Delta Partners, consultoria de investimentos baseada em Dubai e especializada em telecomunicações, a Portugal Telecom traz para o casamento com a Oi a experiência de ser uma pioneira em convergência de produtos, algo essencial para conquistar as principais demandas do mercado brasileiro.
“O mercado brasileiro apresenta grandes oportunidades de crescimento sobretudo em banda larga e TV paga. Para capturar esse crescimento é necessário contar com uma oferta convergente muito potente”, afirma Simo. “A Portugal Telecom foi pioneira no lançamento de ofertas convergentes e se posiciona como o exemplo a seguir em nível mundial.”
O analista ressalta ainda que a Portugal Telecom possui muita experiência na integração de residências com fibra ótica, mercado em que ainda há espaço para crescer no País, e que permite oferecer banda larga de qualidade e TV de última geração.
Ao contrário da disseminação de telefonia móvel no Brasil, a adesão de consumidores pela TV por assinatura ainda é baixa quando comparada ao número de países desenvolvidos. Em 2012, o serviço era oferecido em 26% das residências no País, enquanto atinge 86% das casas nos Estados Unidos e 79% em Portugal.
Em conferência com analistas para anunciar a aliança realizada nesta quarta-feira (2), o CEO da nova companhia, Zeinal Bava, ressaltou que ambas as operadoras poderão dividir melhores práticas. “Queremos crescer com qualidade e rentabilidade, sem agressividade”, definiu.
Para isso, ressaltou que a CorpCo irá buscar reduzir despesas, melhorar o fluxo de caixa e diminuir seu nível de alavancagem. “Já obtivemos melhorias nos últimos quatro meses”, disse.
O aumento de capital de até R$ 8 bilhões está previsto para 2014, após a conclusão da operação no final do ano, será essencial. “Em novembro esperamos ter novidades para anunciar ao mercado”, afirmou aos analistas.
A operação vai depender de condições do mercado, e está atrelada à votação dos acionistas que detêm ações preferenciais.
As sinergias com a fusão, estimadas pela empresa em R$ 5,5 bilhões, serão alcançadas principalmente no âmbito operacional (R$ 3,3 bilhões) e financeiro (R$ 2,2 bilhões), despesas operacionais (R$ 2,1 bilhões) e investimento em bens de capital (R$ 1,2 bilhão).
O número de clientes, com a incorporação, aumenta 4,3%, um total de 100 milhões. Cerca de 70% são da Oi, e o restante da Portugal Telecom e operações internacionais. A receita conjunta do novo grupo atinge R$ 37,4 bilhões.