O presidente da TIM no Brasil, Rodrigo Abreu, informou em almoço com jornalistas no Rio de Janeiro nesta quinta-feira (05) que os investimentos da operadora em sua rede 2G serão drasticamente reduzidos em 2014, por conta da realocação de recursos para a tecnologia de terceira geração (3G) e projetos de dados. A redistribuição de investimentos já ocorreu ao longo deste ano, o que representa uma mudança de estratégia em relação a 2012, quando o foco da companhia ainda estava no 2G, por conta da ampliação do tráfego de voz.
“No próximo ano, o investimento em 2G praticamente desaparece. Vira um investimento de manutenção, o mínimo indispensável para você manter a operação”, disse Abreu. Para o triênio de 2013 a 2015, estão previstos R$ 10,6 bilhões em investimentos, sendo que R$ 3,6 bilhões foram alocados no primeiro ano. A estimativa para o período 2014 a 2016 é de que a empresa invista mais de R$ 11 bilhões.
O executivo comentou ainda as restrições impostas à Telefónica pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) na última quarta-feira (04). O órgão de defesa da concorrência determinou que Telefónica terá de optar entre vender 50% da operadora móvel Vivo ou se desfazer de sua participação na TIM, adquirida por meio da compra de papéis da Telco, controladora da Telecom Italia, conforme já anunciamos aqui. A venda da participação da Telefónica na TIM Brasil foi uma das alternativas dadas pelo Cade para aprovar a operação, já que um mesmo grupo não pode controlar duas operadoras no país.
Abreu admitiu que a decisão do Cade pode gerar desdobramentos difíceis de prever. Mas que, no momento, não alteram em nada as operações da TIM no Brasil, assegurou ele. “Do ponto vista operacional, o que isso impacta no dia a dia, na estratégia e nos planos da companhia? A resposta é zero”, afirmou Abreu, lembrando que a Telefónica|Vivo, por uma questão de conflito de interesses, não pode participar de qualquer votação do Conselho de Administração da Telecom Italia sobre a venda da TIM Brasil.
Abreu confirmou que a operadora (com a consultoria do banco Morgan Stanley) avalia formas de rentabilizar as cerca de 7.500 torres próprias de telecomunicações que possui no país. Somadas as próprias e as de terceiros, a TIM conta com aproximadamente 13 mil torres no Brasil.
“Estamos fazendo uma análise das estruturas possíveis de ativos: é possível fazer uma joint venture, uma parceria, uma cessão de uso?”, resumiu o presidente da operadora. “Isso não significa fazer uma venda simplesmente em troca de dinheiro, que é quase uma maneira de você fazer uma operação financeira para reduzir dívida e pagar dividendo”. Segundo ele, não existe um prazo fixado para que a avaliação esteja concluída, mas os primeiros resultados devem aparecer ao longo de 2014.
Sobre a hipótese de venda da TIM Brasil pela Telecom Italia, Abreu reiterou que esta possibilidade não pode ser inteiramente descartada e depende de fatores já explicitados anteriormente, como o valor da proposta e a realização de um processo público de venda, aberto à participação do mercado. Propostas eventuais serão consideradas se evitarem riscos regulatórios ou concorrenciais, acrescentou.