Cliente que resolveu contratar o tal “Gatonet” para ter TV a cabo barata em casa, mas acabou se dando mal, decidiu protestar publicamente e virou alvo de linchamento virtual na página de reclamações “Aonde não ir em Campo Grande” no Facebook.
O protesto chega a parecer pegadinha, mas o perfil do denunciante não é do tipo “fake” e a postagem deu o que falar.
Ele começa o texto com alerta para os espertos que usam dessas estratégias para economizar na TV paga e acabam “ou pegando a famosa Sky Gato ou esses serviços parecidos com Sky Gato, denominados Cs”. Mas logo dispara contra o responsável pela instalação dos serviços clandestinos, dando nome e sobrenome do dito cujo. Depois, pede o dinheiro de volta.
“Em novembro, contratei serviço do senhor H… onde pagaria 30 reais por mês, mas inicialmente desembolsei 230 reais para comprar o aparelho. Ele veio até minha residência e prontamente instalou, só que não durou uma semana e o sinal ficava ou caindo ou travando toda hora”, detalha na postagem.
O rapaz, que se identifica como estudante de Matemática da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) segue contando que há 2 meses tenta uma solução para o problema. Diz que um novo aparelho foi instalado, mas sem nenhuma melhora na transmissão.
“Qualquer oscilação de energia ou nuvem de chuva o treco travava…” Não satisfeito com o desabafo politicamente incorreto, ele ainda confessa que tentou pela segunda vez fazer a “TV Gato” vingar, agora em Aquidauana, MS.
“Eu tentei continuar com o serviço, instalando em minha residência, só que ficava a mesma coisa… não pegando nenhum canal. Contatei o senhor H…e ele me disse que, por eu não estar satisfeito, me devolveria 250 reais como forma de compensar a raiva que tive”.
Mesmo assim, ele ficou no prejuízo. “Esta semana, ele disse que não ia devolver porque já se passaram dois meses. Mas se o treco não funcionou legal desde o primeiro mês, porque eu não tenho o direito de ter meu dinheiro de volta?”, questiona.
O homem diz que poderia vender o aparelho por R$ 300,00, mas alega que não quer “passar a bucha para outra pessoa. Quero é que ele me devolva o dinheiro, pegue os aparelhos dele e cada um siga para um lado sua vida”.
Para terminar, ele ainda “confessa” que atrasou a última prestação no valor de R$ 30,00 e deixa a dica: “Então, cuidado próximos clientes do ‘Cscampogrande’, comprem o aparelho e testem, mas testem bem antes de pagar”.
Ele deixou o link da página da tal empresa na sequência do desabafo, mas diante da repercussão, o responsável excluiu a conta.
Depois da leitura, a maioria das reações é de gente indignada. “Meu amigo, o uso da SKY gato é furto de sinal de satélite, ou seja, você está reclamando de ter sido tapeado por algo que você está ‘furtando’”; “Reclamar de ”gato”é de doer…”; “Isso é frustrante! Infelizmente, as atitudes das pessoas nos levam a continuar nesse circulo vicioso de ‘se ele faz, porque eu não posso fazer também’ e nada muda nunca”, dizem seguidores do grupo, que é fechado.
Até a presidente Dilma entra na mira dos “comentaristas”. “A dona ‘presidenta’ foi fotografada com uma criança no colo, banco traseiro do carro, sem cinto… não levou multa e ainda acharam bonito e postaram a foto pra todo mundo ver. Com exemplos como esse, qualquer um se acha no direito de fazer o que bem entender.”
Mas também aparece gente para colocar mais pilha na conversa: “Conheço o serviço skygato ou netgato, na verdade e muito bom, gratuito. Mas tem que achar pessoa que entende bem para serviço funcionar !”
Em dezembro do ano passado, foi aprovado pela Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT), do Senado, projeto de lei que trata da punição para a interceptação ou recepção não autorizada dos sinais de TV por assinatura, os chamados “gatonets”. A proposta considera essa prática como crime, punível com a detenção por seis meses a dois anos.
Hoje, a Lei de TV a Cabo no Brasil caracteriza a utilização indevida de sinal de TV por assinatura como ilícito penal, mas não estabelece punições.
Foi tentada uma entrevista com o responsável pela publicação, mas ele não respondeu à solicitação.
Agora toda essa história serve para refletirmos um pouco: Nas páginas das operadoras em redes sociais e em sites ou grupos especializados em queixas, como o citado na matéria, ‘chovem’ reclamações acerca dos serviços prestados pelas empresas de telecomunicações. Foi isso o que fez o cliente retratado no caso, reclamou. O problema é que essa busca incessante pelo cumprimento dos seus direitos (que é benéfica, diga-se de passagem) acaba fazendo com que as pessoas acabem infringindo o direito de outros, ou até mesmo cometendo um crime, mesmo que indiretamente. Será que agora esse homem que visava desabafar e exigir seus direitos pela internet conseguiu isso? Ou simplesmente será lembrado pelas pessoas como um hipócrita que apenas segue a ideologia daqueles que dizem “Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”?. Que esse relato de Campo Grande nos faça lembrar de nossos próprios erros e nos ajude a ter bom senso na hora de reclamar por aí.
*Algumas correções ortográficas foram feitas nas mensagens originais para não comprometer a interpretação dos textos.
Com informações de Campo Grande News