Empresa quer se renovar apostando nas telecomunicações para compensar a perda do faturamento causado pelo declínio no envio de cartas. |
O mercado de telefonia móvel no Brasil pode ganhar mais um concorrente em breve. O Ministério das Comunicações liberou os Correios para prestar serviços de telecomunicações, assim como já fazem outras operadoras de celular. Isso significa que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos está autorizada a agir como uma operadora virtual (conhecida como MVNO), ou seja, não terá infraestrutura própria, mas utilizará a rede de outra companhia para vender aparelhos e fornecer serviços com sua marca.
A decisão foi publicada nesta quinta-feira (08) no Diário Oficial da União. Assinada pelo ministro Paulo Bernardo, a Portaria nº 416 permite que os Correios busquem algum parceiro que esteja disposto a alugar sua rede para a plataforma da entidade. Segundo a portaria, a empresa pode explorar o serviço de MVNO “mediante a constituição de subsidiárias ou a aquisição de controle ou de participação acionária em sociedades empresariais já estabelecidas”.
As MVNOs são bem populares na Europa, mas no Brasil ainda são pouco conhecidas. A Porto Seguro Conecta, que faz uso das antenas da TIM, foi a primeira operadora virtual a vender planos a consumidores em agosto do ano passado e já possui 101 mil clientes. A Virgin Mobile, do bilionário Richard Branson, quer operar no país assim que obtiver autorização na Anatel, já foi definido que a britânica usará a rede da Vivo. Já a Datora, outra operadora virtual recém-chegada ao país, tem 19,6 mil. Segundo Antonio Luiz Fuschino, vice-presidente de Tecnologia e Infraestrutura dos Correios, não será difícil alcançar um grande número de usuários, pois a empresa conta com uma grande rede de distribuição já instalada e pronta para vender chips e aparelhos.
O investimento previsto é de R$ 150 milhões dentro de cinco anos. Para sustentar a operação, os Correios têm um acordo com a holding do Grupo Poste Italiane, o serviço de correio da Itália, que vai pedir à Anatel autorização para se tornar uma operadora virtual. Fuschino espera faturar R$ 1,5 bilhão com o negócio a partir do quinto ano de operação. “A operadora vai ser mais uma fonte de faturamento para que as receitas do mundo concorrencial superem as do mundo postal”, diz.
O projeto usará as cerca de 12 mil agências espalhadas por todo o Brasil para levar serviços de telefonia a milhares de usuários. Neste caso, as agências serão transformadas em quiosques que venderão aparelhos de celular, envelopes, cartões de recarga e selos, além de funcionar como balcão de atendimento. Outra ideia é associar vários serviços dos Correios a aplicativos móveis com o objetivo de facilitar o envio de telegramas ou rastreamento de encomendas.
Fuschino afirma que já iniciou conversas com outras operadoras, como Vivo, Claro e TIM, para ceder infraestrutura e só depois de escolher uma prestadora é que os planos e pacotes de celular serão construídos. A expectativa é que o programa comece a funcionar até novembro de 2014.
“Além do baixo custo, nós pretendemos oferecer serviços de valor agregado. Nós imaginamos que em um intervalo de cinco anos conseguiremos alcançar até 8 milhões de clientes”, afirmou. A estratégia dos Correios em vender produtos relacionados à telefonia celular é para evitar prejuízos futuros. Segundo a empresa, a entrega de cartas, que corresponde a 50% do faturamento, é vista como um negócio em declínio.
Com informações de G1.