Por conta deste resultado preocupante, a NII Holdings considera pedir recuperação judicial para salvar a empresa. |
A NII Holdings, controladora da Nextel no Brasil, México, Argentina e Chile, apresentou hoje ao mercado seus resultados financeiros. A situação não foi animadora. Segundo Steve Shindler, CEO da empresa, a base de usuários no Brasil cresceu apesar da demanda reduzida devido à Copa do Mundo. Mas não foi o suficiente para reverter o cenário negativo para a empresa no mundo.
“Apesar das ações que tomamos para melhorar nossa performance operacional, os esforços foram insuficientes, deixando a companhia em uma posição insuficiente para sustentar o negócio”, falou no comunicado. O executivo ressalta que a empresa deverá tomar, imediatamente, decisões para obter liquidez. A dívida total da empresa hoje é de US$ 5,8 bilhões. O caixa é de US$ 1 bilhão.
Somando todas as operações, a NII Holdings contabilizou receita de US$ 968,8 milhões no segundo trimestre do ano, diminuindo 23%. O resultado é um prejuízo líquido no período de US$ 623,3 milhões, ante perdas de US$ 396,4 milhões entre abril e junho de 2013. A base total de usuários diminuiu 6%, registrando 9,4 milhões de clientes no mundo. A empresa já havia entrado, ano passado, na lista dos maiores prejuízos de 2013 nos EUA e América Latina.
A Nextel Brasil viu sua base de clientes crescer de 3,88 milhões para 4,19 milhões em um ano. A receita da subsidiária local, porém, caiu no trimestre em comparação com o mesmo período do ano passado, ficando em US$ 479,4 milhões, ante US$ 578,6 milhões em 2013. Uma diminuição de 17,1%. Na comparação semestral, a redução é mais drástica. O faturamento nos seis primeiros meses foi de US$ 940,6 milhões, menor 22,55%.
O número de unidades geradores de receita em WCDMA subiu de 117,3 mil (junho de 2013) para 1,05 milhão em junho deste ano. Os assinatnes iDEN caíram de 3,76 milhões para 3,13 milhões. Houve a migração de 142,8 mil usários iDEN para WCDMA no período. A empresa registrou churn 2,81% e receita por usuário (ARPU) de US$ 30.
O Brasil apresentou um desempenho melhor que o resto das operações da holding. No México, a empresa teve receitas de US$ 366 milhões, 27% menores que no segundo trimestre de 2013. Na Argentina, o tombo no faturamento foi de 34%, somando US$ 108 milhões.
Após mais este trimestre de crescente prejuízo, a NII Holdings, controladora da Nextel Brasil, reconheceu que não está mais conseguindo se sustentar, apesar de medidas para enxugar gastos e melhorar as finanças nos últimos trimestres. A companhia anunciou durante seu balanço financeiro referente ao segundo trimestre, que pode acabar pedindo recuperação judicial (concordata) se não conseguir renegociar os termos das dívidas que possui com credores, especialmente no Brasil. A dívida líquida da companhia no dia 30 de junho estava em US$ 4,751 bilhões.
No processo de recuperação judicial (Chapter 11 nos Estados Unidos), a companhia tenta renegociar as dívidas, inclusive revendo valores e datas de pagamento. Se ainda assim falhar em honrar seus compromissos, a companhia poderá ir à falência (Chapter 7 nos EUA).
A companhia afirma que está em discussões com credores para atender aos requisitos financeiros e de liquidez, mas não será uma tarefa fácil. Em junho, a companhia possuía US$ 443,1 milhões em empréstimos abertos com bancos locais no Brasil.
“Com nossa posição líquida atual e as demandas de caixa em nossos negócios, essas iniciativas (operacionais) não vão ser suficientes para permitir à companhia continuar a operar a menos que consigamos reestruturar nossas obrigações de débito, encontrar uma solução estratégica ou alguma combinação dessas duas abordagens”, disse o CEO da Nii, Steve Shindler, no comunicado. A empresa evitou fazer a teleconferência para o mercado com seu resultado trimestral.
No entanto, há mais detalhes no formulário 10-Q, documento enviado à comissão de valores mobiliários norte-americana, a SEC. “Atualmente, não entramos em nenhum acordo relacionado a transações estratégicas em potencial ou qualquer reestruturação em potencial de nossas obrigações”, afirma. Assim, a NII acredita que deverá entrar com pedido de recuperação judicial mesmo no caso de não conseguirem chegar a um acordo com credores ou partes relevantes. “Em todo o caso, tal procedimento poderia ser iniciado em um futuro muito próximo”, diz a empresa.
A NII Holdings não chega a falar claramente em venda de uma ou de ambas as operações do Brasil e do México (que juntas são responsáveis por 87% das receitas operacionais totais), mas não descarta “opções estratégicas para esses mercados como parcerias, acordos de serviços e vendas de ativos”. A Nextel Brasil é atualmente a maior operação do grupo norte-americano, sendo responsável por 49% das receitas operacionais e 45% da base total.
Caso a empresa não consiga renegociar os empréstimos no Brasil até a sexta-feira (15), ou as renúncias com financiamentos até 31 de dezembro, o processo de default ou aceleração de dívida poderá ocorrer. Assim, os donos de 25% das senior notes emitidas pela NII terão o direito de pedir o repagamento imediato dessas debêntures. Em 30 de junho, havia aproximadamente US$ 4,4 bilhões em sênior notes preferenciais.
De uma forma ou de outra, a NII precisa urgentemente se reestruturar, e isso significará também demissões. Estrategicamente, a companhia planeja continuar cortando custos, reorganizando a equipe nas sedes, o que incluirá redução imediata do quadro de funcionários nas operações, com previsão para mais cortes futuros. “Vamos continuar a avaliar nossas operações e podemos continuar a realinhar e reduzir ainda mais pessoal nos próximos meses enquanto procuramos alinhar melhor nossos custos e estrutura organizacional com nossa estratégia de crescimento e melhora de nossos resultados financeiros e operacionais”.
A empresa espera continuar aumentando a base no ano, gerando mais receita e expandindo a cobertura WCDMA nos mercados-chave do Brasil e do México. No mercado brasileiro em particular, a companhia considera utilizar os 15 MHz que possui na faixa de 800 MHz atualmente com a tecnologia iDEN para prover serviços de LTE no caso de “certos requerimentos técnicos, operacionais e regulatórios” possam ser atendidos (como disponibilidade de rede compatível e de aparelhos entre usuários).
Com informações de Telesíntese e Teletime.