20/12/2024

CVM questiona rumores de compra da TIM e operadoras respondem

Apesar das informações divulgadas pela imprensa, todas as operadoras negaram que haja uma negociação interna pela TIM.

Em resposta a questionamento da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Oi informou nesta quarta-feira (10) que “não está envolvida, até esta data, em quaisquer negociações formais com quaisquer terceiros a respeito” de uma proposta conjunta para aquisição da concorrente TIM. A operadora destaca no comunicado, que, como divulgado no último dia 26, contratou o banco BTG Pactual para atuar como comissário, agindo em nome próprio e no interesse da companhia, para desenvolver alternativas com o objetivo de viabilizar uma proposta para aquisição da participação da Telecom Italia na TIM.

“No exercício de suas funções como comissário da companhia, o BTG Pactual tem como papel efetuar contatos com qualquer entidade que possa vir a participar da operação, inclusive à luz de potenciais restrições regulatórias e concorrenciais que poderiam decorrer da operação”, diz a Oi, na nota.

A operadora afirma ainda que “no julgamento da companhia não caberia a esta confirmar ou desmentir as diversas especulações divulgadas na mídia a respeito da potencial operação sem que tenham qualquer concretude, já que tais manifestações poderiam prejudicar uma negociação que possa estar em andamento”.

Na sexta-feira passada (05), o Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, apurou que Oi, Vivo e Claro querem chegar a uma proposta a ser apresentada para a Telecom Itália para a compra conjunta da TIM Brasil antes do leilão da faixa de 700 MHz da internet móvel de quarta geração (4G), marcado para 30 de setembro. A quantia a ser oferecida seria superior a R$ 30 bilhões. Entre os acionistas da Telecom Itália, no entanto, há a defesa de montante de pelo menos dez vezes o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da TIM Brasil como parâmetro para as negociações, o que chegaria perto dos R$ 40 bilhões.

A mexicana América Móvil, dona da Claro, confirmou que planeja participar da oferta conjunta com a Oi para a compra da TIM. Ontem, o presidente da Claro, Carlos Zenteno, confirmou que a América Móvil foi procurada pelo BTG.

Hoje, o presidente da TIM Brasil, Rodrigo Abreu, manteve o tom defensivo ao afirmar que o mercado brasileiro de telecomunicações tem escala para suportar “um número razoável de players”.
“Se existir qualquer proposta (…) você tem de fazer uma análise, baseada na expectativa de que a companhia tem uma importância estratégica tão grande, um potencial de crescimento tão grande e é um ativo de tamanha importância que jamais existiria qualquer tipo de discussão por um valor tradicional de mercado”, disse o executivo a jornalistas.
E continuou… “Seria ingênuo imaginar que não haja tendência de concentração (no mercado brasileiro), mas isso não é uma necessidade. Quando se olha para a questão de concentração, se olha para a necessidade de escala, […] O Brasil tem uma escala de mercado interno que equivale à soma de vários países europeus. O Brasil possui condição de ter um número razoável de players”, afirmou Abreu durante um evento.

Ontem, um investidor italiano disse à agência Bloomberg que a TIM valeria 13 bilhões de euros, equivalentes a 11 vezes o valor da Ebitda da empresa no país. “Essa foi uma avaliação feita por um investidor individual da Telecom Itália, chamado Marco Fossati, mas a posição do grupo controlador continua a mesma: não existe discussão sobre precificação da TIM no Brasil”, enfatizou.
Questionado sobre se o valor cogitado por Fossati seria razoável, Abreu voltou a afirmar que a companhia não está à venda, mas admitiu que, caso haja uma proposta oficial da parte da Oi e outras empresas, essa eventual oferta será analisada. “Se existir uma proposta, ela será avaliada pela Telecom Itália, mas ainda não existe. A TIM é a segunda maior operadora do Brasil, líder na modalidade pré-paga e no uso de internet no celular e mantemos nosso compromisso de longo prazo com o país”, repetiu.
Telefônica diz que não sabe de nada
A subsidiária da Telefónica no Brasil, maior operadora de telefonia celular do país, negou também hoje (quarta-feira) conhecer o plano de outras duas empresas de telecomunicações para dividir entre três os negócios da TIM, a segunda maior companhia do setor e subsidiária da Telecom Itália.
A Telefônica Brasil fez o esclarecimento em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ao ser consultada sobre versões da imprensa brasileira que diziam que as operadoras Telefônica/Vivo, Oi e Claro pretendem apresentar uma proposta conjunta para adquirir a TIM Brasil e dividi-la entre as três.
“Deixamos claro que desconhecemos a origem das informações publicadas e que não temos conhecimento de qualquer ato, fato ou informação que possa ter gerado essa notícia”, segundo o comunicado enviado à CVM.
A subsidiária da Telefônica acrescentou que, por enquanto, não tem nada para comunicar ao mercado sobre tais versões.
A Telefônica/Vivo atualmente negocia a aquisição da brasileira GVT, subsidiária no Brasil da francesa Vivendi, para poder se fortalecer nos mercados de acesso à internet por banda larga e televisão por assinatura no país.
O grupo espanhol está simultaneamente em processo para redefinir suas relações com a Telecom Italia, grupo do qual é acionista, porque os reguladores brasileiros questionam a possibilidade da Telefônica ter participação ao mesmo tempo na Vivo e na TIM, as duas maiores operadoras do país.
Segundo as versões de imprensa desmentidas pela Telefônica, após a proposta conjunta para adquirir a TIM, a Claro ficaria com 40% dessa operadora, a Oi com 35% e a Vivo com os 25% restantes.

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