Dois empresários homossexuais, juntos desde o início de 2015, tiveram o nome de acesso à rede WiFi da loja que administram para “Viadao”. |
Os empresários Giorgio da Silva, 35 anos de idade, e Rodrigo Vilar, 38, foram vítimas de preconceito baseado na orientação sexual de ambos. Casados, e proprietários de um estabelecimento num bairro nobre da capital de Pernambuco, Recife, os dois precisaram de um reparo no telefone e internet banda larga da GVT, que haviam parado de funcionar. Foi aí que tudo começou.
Na tarde desta sexta-feira (18), a empresa de telefonia enviou um técnico de campo para analisar e solucionar o problema enfrentando pelos clientes. Após ter realizado o reparo, o serviço voltou a funcionar e o empregado foi embora. “Ele estava o tempo todo no celular com alguém e não falou nada. Só ao sair disse que estava tudo ok”.
Alguns clientes da loja dos empresários estavam com dificuldade para encontrar o nome da rede Wi-Fi do local, chamada de “Provanza”. Giorgio e Rodrigo foram tentar encontrar o sinal, já que percebiam que a rede do computador principal da empresa estava funcionando normalmente. Rodrigo chegou a comentar com uma cliente que uma rede chamada “VIADAO” (em caixa alta mesmo), estava com um sinal bem forte dentro do local. Intrigado, informou a senha padrão da Provanza – que é a data em que ele e seu esposo se conheceram – e a conexão foi estabelecida.
O casal relata que se sentiram muito constrangidos com o ocorrido, não por dizer que ambos são homossexuais – já que a maioria dos clientes e amigos já sabem da vida dos dois – mas pela forma pejorativa como foram chamados. “A gente se trata por ‘amor’ e ele [o técnico] pode ter ouvido isso […] Imagina se chega um cliente e pergunta ‘amigo, qual é a wifi daqui?’ e a gente responde ‘viadão’? Outros gays poderiam pensar que a gente estava tirando onda e a gente não quer isso. As pessoas não podem brincar dessa forma com as outras.”
Eles ligaram logo em seguida para a Central de Atendimento da GVT, que passou as instruções de como reverter a situação.
As vítimas procuraram a delegacia após o expediente da loja para registrar um boletim de ocorrência sobre o ocorrido, mas o local estava fora do horário de funcionamento. Agora o casal promete procurar a Justiça no decorrer desta semana para exigir mais respeito, o advogado eles já tem. A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) também foi informada do caso, e deve solicitar esclarecimentos da companhia.
A falta de profissionalismo do técnico empregado da GVT foi amplamente divulgada na mídia local de Pernambuco e também na nacional. A Telefônica/Vivo, controladora dos serviços prestados pela GVT, teve que vir a público informar que:
“Repudia totalmente a atitude descrita pelos clientes e que está apurando o caso com rigor. A Vivo disse ainda que se for constatada a conduta irregular do técnico, que é totalmente conflitante com a orientação da companhia, tomará medidas administrativas rigorosas, e reforçará ações de orientação para evitar que situações desse tipo voltem a ocorrer.”
Imagens gravadas pelo circuito interno de câmeras da loja de chás Provanza, de Rodrigo e Georgio, mostram o momento em que o técnico responsável por cumprir a ordem de serviço aberta pelos empresários. As imagens podem ser vistas ao assistir a reportagem produzida pela Rede Globo no Recife, que deu início a denúncia.
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