Guaranis desligaram as antenas de telecom em reivindicação que acontece desde terça na zona norte da capital, contra a redução de uma reserva indígena. |
Um protesto envolvendo cerca de mil índios da etnia guarani, que acontece desde terça-feira (12), agora afeta milhares de clientes de telecomunicações em São Paulo. A motivação? A busca pela retomada de uma área de 532 hectares no Parque Estadual do Jaraguá, na região norte da cidade. Como não tiveram retorno até sexta-feira (15), os indígenas decidiram fazer “mais barulho”: subiram no Pico do Jaraguá, ocuparam antenas de telecomunicações e interromperam os sinais de TV e celular de 600 mil moradores.
Apesar de o religamento do sinal ter acontecido após uma reunião com representantes do governo, a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT) julgou o ato “extremamente grave”, por não respeitar o direito de acesso à informação e comunicação dos cidadãos. O desligamento das antenas afetou a conectividade de televisão principalmente de pessoas em Cajamar, Mairiporã, Caieiras e Franco da Rocha.
Segundo matéria divulgada pelo jornal Estadão, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) disse que, entre as operadoras, apenas a Claro relatou problemas, e que, diferentemente do que acontece com as antenas de televisão, uma antena de telefonia passa a fornecer o sinal para outra em caso de desligamento.
E apesar do Estado dizer que o encontro entre secretários e índios havia encontrado uma saída pacífica para a desocupação das torres de transmissão, um dos líderes do protesto disse que, na verdade, nada fora resolvido e que continuariam reivindicando no local. Ou seja, novos cortes de sinal ainda podem acontecer pela região.
Um mês de protesto
Em 30 de agosto, os índios já protestavam pela capital paulista, quando usaram faixas para manifestarem em frente ao escritório da Presidência da República, na Avenida Paulista. No dia 15 de agosto, a ‘Portaria 581’, que previa a expansão do território indígena no Jaraguá de 3 para 512 hectares, foi anulada pelo ministro da Justiça, Torquato Jardim, o que gerou a insatisfação dos índios, que buscam mais espaço para conviver na terra de seus antepassados. Agora, o que vale é a ‘Portaria 683/2017’.
O que aconteceu, segundo o ministro, foi um erro administrativo, sendo que, pela abrangência da reserva sobre o parque, a demarcação deveria ter recebido o apoio do Estado de São Paulo, para definirem a melhor forma para utilizar a área.
Como é possível analisar pela imagem abaixo, divulgada pelo jornal SPTV, da Rede Globo, mais de 500 hectares (toda a região do parque) haviam sido determinados como reserva indígena, recomendação de 2015 feita pela FUNAI (Fundação Nacional do Índio) e aceita pelo Governo Federal. Porém, a nova demarcação, anunciada no mês passado, reduziu o território de todo esse espaço para apenas 1,7 hectare – uma mudança bastante significativa que causou revolta no povo guarani.
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