Pesquisa feita com 23 mil famílias brasileiras mostra que ainda há muita desigualdade no país, apesar dos 107,9 milhões de usuários na rede. |
Foi divulgada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), nesta terça-feira (5), a pesquisa TIC Domicílios 2016, que traz inúmeros dados e parecer sobre como anda a conexão com a internet no Brasil. Após entrevista com mais de 23 mil casas no Brasil, entre novembro de 2016 e junho de 2017, pela 12ª vez, concluiu-se que 54% de domicílios fecharam o ano conectados, o que representa 36,7 milhões de residências, mas ainda exclui algumas áreas e traz à tona a desigualdade no país.
Desse total, por exemplo, apenas 23% das casas de classes D/E têm conexão à rede, e 26% vindas de áreas rurais. O que a pesquisa mostra é que, de fato, o acesso pode ser maior, mas em áreas urbanas (59%) e classes A (98%) e B (91%). Além disso, a pesquisa ainda mostrou que 18% dos brasileiros, principalmente nessas áreas com menor acesso, precisam utilizar a prática de compartilhamento de internet com o vizinho.
Daqueles que não têm internet, o motivo para 26% dos domicílios é o alto preço praticado pelas operadoras que fornecem conexão com a internet, e 18% alegam não ter interesse no serviço.
Daqueles que não têm internet, o motivo para 26% dos domicílios é o alto preço praticado pelas operadoras que fornecem conexão com a internet, e 18% alegam não ter interesse no serviço.
Banda larga fixa X móvel
Por um lado, a pesquisa mostra que a banda larga fixa se manteve estável no Brasil, e que é o acesso à internet móvel que vem se destacando como a principal forma de conexão para pelo menos um quarto das casas conectadas à internet, presente em 9,3 milhões de domicílios.
Em dois anos, dobrou o número de brasileiros com acesso à internet, mas sem computador. De 7% em 2014, o número foi para 14% em 2016, o que equivale a 4,4 milhões de domicílios. De acordo com o gerente do Cetic.br, Alexandre Barbosa, a internet no celular e não pelo computador é ainda mais frequente entre famílias com classes sociais menos favorecidas e em regiões com conectividade restrita, como as áreas rurais e a região Norte do Brasil.
Acesso por usuário e dispositivo
O uso da internet passou, de 58% em 2015, para 61% em 2016, o que totaliza, no Brasil, 107,9 milhões de usuários de internet (acima de 10 anos). O celular como dispositivo para se conectar aumentou 4% em relação a 2016, já que 93% dos usuários utilizaram o celular para navegar na internet, enquanto o acesso pelo computador caiu 23% de 2014 para 2016, quando apenas 57% dos usuários alegaram utilizá-lo como meio de acesso à rede.
Wi-Fi ou 3G e 4G?
Quando questionados sobre o acesso à internet pelo celular, 86% dos usuários disseram utilizar o Wi-Fi, e 70% alegam usar o 3G ou 4G. Dos entrevistados que têm de 10 a 15 anos, porém, 25% afirmam se conectar exclusivamente pelo Wi-Fi, que acaba sendo um serviço “gratuito” por utilizar a rede já comprada em casa.
Para que você usa a internet?
A pesquisa TIC Domicílios 2016 também aponta quais são as atividades on-line mais utilizadas pelos usuários ativos de internet. Para 89%, são as mensagens instantâneas (com aplicativos como o WhatsApp, por exemplo). Para 78%, as redes sociais. Mas, mais uma tendência que vem crescendo conforme o tempo é o uso da rede para divulgar ou vender produtos e serviços, que de 7% em 2012 passou para 17% dos usuários em 2016.
O que é possível perceber, também, é que há distinção de conteúdo acessado de acordo com a região do país. Quem mora em áreas urbanas, por exemplo, utiliza mais a rede para assistir vídeos, programas, filmes e séries on-line – um total de 70% dos usuários. Por outro lado, apenas 56% fazem o mesmo nas áreas rurais. Ouvir música (64% em áreas urbanas e 53% em rurais) também foi uma atividade mencionada e com resultados divergentes.
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