Anatel, Claro e Vivo explicam ao Minha Operadora o uso do LTE Advanced; Oi também pretende lançar avanço do 4G em 26 localidades neste ano. |
Há poucas semanas, publicamos, aqui no Minha Operadora, a informação de que a “Vivo ampliou o 4,5G para mais de 130 novas cidades no Brasil em 2018”. Poucos minutos depois, a assessoria de imprensa da Claro questionou a informação, alegando que o 4,5G é uma tecnologia exclusiva dela. Afinal, quem tem o 4,5G no Brasil? Claro? Vivo? E a TIM, onde fica nessa história?
Entramos em contato com as operadoras e com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que explicaram com mais detalhes o que seria o 4,5G. E, bem, a conclusão ainda assim pode ter ficado um pouco subjetiva. Acompanhe abaixo as explicações de cada uma e descubra de uma vez por todas o que é o 4,5G!
CLARO
A Claro foi a primeira a explicar e defender a sua tecnologia 4,5G, lançada em outubro do ano passado, a princípio em 11 cidades. Vale destacar que a operadora criou, em 2018, uma grande campanha – com comerciais e hotsite exclusivos – voltada justamente para a nova tecnologia, que oferece uma velocidade média de navegação até 10 vezes mais rápida do que a do 4G convencional.
Mas será que é a única?
Para começar, a operadora explica que a quarta geração da telefonia móvel é baseada na tecnologia LTE (Long Term Evolution) e foi a sucessora do 3G. “A maioria das comunicações 4G no nosso país são feitas por meio de ondas eletromagnéticas de 2600MHz de frequência. Mais recentemente vêm sendo adicionadas outras bandas do espectro, como a de 700 MHz (oriunda do desligamento da TV analógica) e a de 1800MHz (reuso das frequências originalmente alocadas ao 2G), o que também depende dos lotes de espectro adquiridos por cada operadora nos leilões da Anatel”, informa em nota.
O que significa que, dependendo de fatores como a frequência utilizada, a quantidade de espectro disponível, a quantidade e localização das torres de transmissão e de usuários simultâneos na célula, além das condições de propagação do sinal no local, uma rede 4G viabiliza taxas médias da ordem de 15 a 30 Mbit/s.
“Já o 4G+ ou LTE Advanced permite que se agregue diferentes faixas de frequência na mesma portadora de transmissão. Com isso, é possível usar o sinal de modo mais eficiente e obter melhor uso dos recursos da rede, que, na prática, significa navegar com mais velocidade”.
A explicação da Claro se estende um pouco mais:
“É como adicionar mais faixas de rolagem a uma estrada, dando maior vazão de tráfego. É necessário, no entanto, que o smartphone suporte a funcionalidade de carrier aggregation (agregação de portadoras) e todas as frequências de transmissão utilizadas (no Brasil, atualmente 2600 MHz, 700 MHz e 1800 MHz). Alguns aparelhos 4G, principalmente os mais antigos, não suportam o LTE Advanced ou 4G+.
Nos modelos mais novos, existem modelos que suportam agregação de 2 faixas e existem modelos que suportam 3 ou mais. Isto explica a performance diferente obtida em aparelhos mais modernos ou mais sofisticados em áreas onde a funcionalidade é disponibilizada”.
Para a Claro, o 4.5G foi lançado com pioneirismo pelo grupo e se diferencia do 4G (LTE) e do 4G+ (LTE Advanced) porque disponibiliza, além da agregação das diferentes faixas de frequências, outras funcionalidades de última geração, que permitem maior eficiência espectral (transmissão de mais bits por unidade de tempo e de espectro).
“Estas funcionalidades são conhecidas como MIMO 4×4 (comunicação entre torre e aparelho estabelecidos por 4 antenas de transmissão e 4 antenas de recepção) e modulação 256QAM (modulação avançada que permite transmitir mais informação digital em cada unidade de tempo). A combinação destas funcionalidades faz parte do padrão LTE-Advanced Pro estabelecido pelo 3GPP, órgão que padroniza a tecnologia móvel no mundo.
Com elas, os dispositivos conectados transmitem um maior volume de dados simultaneamente, com taxas de transmissão muito maiores. Na nossa analogia da estrada, é como turbinar o motor dos carros, que ainda trafegam por uma estrada com mais faixas de rolagem e maior capacidade de vazão do tráfego.
No mercado, o uso combinado destas funcionalidades também é conhecido como 4.5G por representar uma grande evolução ao 4G e também um avanço consistente na jornada até o 5G, a quinta geração, atualmente em especificação pela indústria e que promete revolucionar a conectividade de pessoas e coisas a partir de 2020, quando são esperados os primeiros lançamentos comerciais”.
A Claro garante que as redes mais modernas em implantação no mundo atualmente são 4.5G, sendo que os modelos mais recentes de smartphones lançados no mercado já suportam as novas funcionalidades.
“Com o 4.5G, a Claro está fazendo a internet móvel do Brasil ficar ainda mais rápida. E para aproveitar todos estes benefícios, é necessário que o cliente utilize um smartphone compatível com todas estas novas funcionalidades. Quando a rede e o smartphone suportam todas as features, as velocidades de transmissão de dados podem chegar a ser até 10 vezes maiores do que o 4G convencional (LTE, sem carrier aggregation)”.
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VIVO
Mesmo após ser questionada, a Vivo informou que já comercializa o 4,5G no Brasil. Veja a nota completa:
“O 3GPP é o órgão internacional que estabelece a padronização da rede celular 4G e evoluções. As versões que já foram especificadas:
- Versões 8 e 9: LTE, comercialmente conhecida como 4G
- Versões 10, 11 e 12: LTE-Advanced, comercialmente conhecida como 4,5G (a Vivo adotou a nomenclatura 4G+ para designar comercialmente a LTE-Advanced)
- Versões 13 e 14: LTE-Advanced-Pro com novos recursos técnicos e foco em IoT (Internet das coisas) e LTE-M
A LTE-Advanced se caracteriza pelo uso de alguns recursos técnicos, como 256QAM, MIMO4x4 e Carrier Aggregation, ou agregação de frequências (no Brasil, temos à disposição as faixas de 2.600 MHz, 700 MHz, que está sendo gradativamente liberada pela limpeza da TV analógica, e a 1.800 MHz, usada hoje para o 2G e em fase de refarming para o 4G).
A Vivo já está usando tanto 256QAM, quanto MIMO4x4, quanto Carrier Aggregation de 3 portadoras na rede.
Na busca pela melhor experiência do cliente no uso de seus serviços, a Vivo utiliza os recursos técnicos ofertados pela LTE-Advanced de maneira planejada e criteriosa, de modo a melhor atender as necessidades de cada cidade, bairro ou região.
Por meio de contratos comercias com os principais fornecedores mundiais de redes móveis, notadamente Ericsson e Huawei no Brasil, a operadora possui à sua disposição todos os recursos técnicos mais modernos e recentes disponíveis, aplicando-os de acordo com seu planejamento.
Assim, com nosso 4G+, que permite velocidades até duas vezes mais rápidas que o 4G, já dispomos de cidades onde todos estes recursos do LTE-A estão aplicados na rede, destacando que o recurso de agregação de frequências está disponível em 316 municípios em todo o Brasil”.
Claro X Vivo
O que vemos aqui é que as duas operadoras, com parceiros semelhantes, dizem oferecer a mesma tecnologia LTE Advanced. Com a diferença que a Claro alega alcançar velocidade 10x mais rápida, e a Vivo 2x mais, ambas entregando o benefício comercialmente.
Segundo a assessoria de imprensa da Claro, a Vivo pode até ter “corrido atrás do prejuízo” para buscar as mesmas frequências, os recursos e a rede do 4,5G da Claro, mas a tecnologia em si não estaria chegando comercialmente para o cliente. Como base, a assessoria cita uma notícia divulgada recentemente pelo Telesíntese, informando que a Huawei e Telefônica anunciaram, somente em fevereiro deste ano, um acordo para implementar o 4,5G nas frequências mencionadas pela Claro em algumas cidades da América Latina, sendo que o Rio de Janeiro ainda seria o primeiro estado a recebê-la comercialmente no Brasil.
A Vivo nega a afirmação, dizendo que já entrega comercialmente o 4,5G com as funcionalidades 256QAM e MIMO4x4, apesar de não detalhar quais regiões ou quais aparelhos são beneficiados. Já a Claro explica que, por enquanto, a maior velocidade possível do 4,5G já está disponível para seus clientes em cerca de 150 cidades.
Bom, então vamos ver o que diz a Anatel sobre o assunto.
ANATEL
Para a Anatel, a nomenclatura “4,5G”, assim como o “4G Advanced”, não possui uma definição formal, seja pela Anatel, pela União Internacional de Telecomunicações (UIT) ou por organismos internacionais de padronização, como o 3GPP.
“Na verdade, trata-se de uma estratégia de marketing (particular de cada empresa), que visa comunicar para o usuário leigo que houve melhorias na capacidade técnica da rede em relação ao que se chamou de “4G”. Essas melhorias podem, por exemplo, levar o usuário a experimentar maiores velocidades de navegação”, explica.
“Para entendermos um pouco mais sobre essas evoluções é necessário conhecer a padronização das tecnologias das redes móveis, que é realizada pelo 3GPP. O 3GPP define especificações técnicas que são usadas pela indústria na fabricação dos equipamentos de rede e terminais móveis. A cada novo conjunto de funcionalidades desenvolvidas são emitidos novos “Releases” e, quando há alterações significativas, os releases recebem uma nomenclatura do 3GPP. Por exemplo, o LTE (Long Term Evolution), primeiro padrão 3GPP que o mercado denominou de tecnologia de quarta geração (4G), foi definido no Release 8 em 2009. Neste link é possível verificar todos os “Releases” do 3GPP. A partir do Release 10, em 2011, foi definida a tecnologia LTE Advanced. Já a partir do Release 13, em 2016, foi incluída a tecnologia denominada LTE Advanced Pro”.
A agência informa que, no Brasil, as operadoras começaram a partir de 2016 a instalar equipamentos da tecnologia LTE Advanced, ou seja, equipamentos de rede compatíveis com o Release 10, 11 ou 12 mencionados.
“Isso não é uma exclusividade da operadora Claro. Uma das principais diferenças do LTE Advanced (Release 10) em relação ao LTE (Release 8) é a possibilidade de agregação de portadoras, ou seja, a possibilidade de utilizar mais uma portadora (em diferentes faixas de frequências), o que aumenta a largura da faixa de radiofrequências utilizada na comunicação, aumentando consequentemente a velocidade máxima teórica. É importante ressaltar que essas evoluções não estão necessariamente relacionadas com um uso de uma determinada faixa de radiofrequências ou de uma nova faixa. Na verdade, elas decorrem da utilização de novos equipamentos de rede.”
A agência ainda presta alguns esclarecimentos em seu posicionamento:
“Ocorre que, geralmente, quando há o leilão de uma nova faixa, por exemplo a faixa de 700 MHz, as operadoras utilizam equipamentos mais modernos na instalação da nova rede. O processo no qual a operadora migra os equipamentos de uma determinada faixa de frequência (que já estava em operação) para versões mais recentes é conhecido como “refarming”. Por exemplo, na faixa de 1800 MHz, amplamente utilizada pela tecnologia GSM, algumas operadoras estão desativando equipamentos GSM e passando a instalar equipamentos LTE ou LTE Advanced.
Ressalta-se que os terminais dos usuários também devem ser compatíveis para poder usufruir das novas capacidades técnicas disponibilizada nas redes. Por exemplo, a utilização de 4 layers (MIMO 4×4) em 256 QAM, caso a rede da operadora permita essa configuração, é possível somente por terminais de usuários da categoria 11 ou superior, os quais foram definidos inicialmente no Release 12.3. Tais parâmetros são questões operacionais das operadoras e não são controlados pela Anatel”.
TIM
Também perguntamos para a TIM sobre uma possível cobertura de 4,5G, mas a operadora explicou que opera, hoje, com as frequências 2600 MHz, 1800 MHz e 700 MHz, nos locais liberados pela EAD/Anatel.
Ao Minha Operadora, a TIM disse que considera baixa a penetração de terminais compatíveis com as características Advanced-Pro, e por isso entende que seja mais relevante – e que gera mais valor prático para o cliente – trabalhar com outras ofertas, como o 4G em 700 MHz, o Carrier Agregation e o VoLTE. Em nota, a TIM explicou cada uma das tecnologias:
- Disponibilidade do sinal 4G em 700 MHz: com a rápida expansão da frequência em 700 MHz em mais de 1.000 cidades, melhorou a sua cobertura em ambientes internos como escritórios e residências, beneficiando a mais de 80% de sua base de terminais LTE. Atualmente todos os aparelhos comercializados pela operadora já suportam esta banda.
- VoLTE (voz sobre 4G): mais qualidade para a voz sem custo adicional. A operadora foi pioneira na implementação da tecnologia VoLTE e conta com 1.445 cidades cobertas.
- Carrier Agregation: permite o tráfego simultâneo de até três frequências 4G com mais velocidade. É preciso acessar o site da operadora para saber mais sobre a cobertura e dispositivos compatíveis.
“A TIM possui a maior cobertura 4G no Brasil com mais de 3.000 municípios, atendendo a 91% da população urbana”, informou a operadora.
Oi
Enquanto isso, a Oi ainda trabalha na expansão do seu 4G. De acordo com os últimos resultados divulgados, a companhia fechou o ano de 2017 com 813 municípios cobertos.
Mas os clientes da Oi, principalmente da região Nordeste, podem esperar uma melhoria na qualidade de sua internet móvel. Em coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira (17), a Oi anunciou que oferecerá o seu 4,5G ainda neste ano, inicialmente em 26 localidades.
No caso da Oi, ela usará o refarming do 1.8 MHz para entregar uma melhor experiência de uso ao cliente. Entre as cidades que se destacam estão: Salvador, Fortaleza, São Luis, João Pessoa, Palmas, Belém e outras áreas metropolitanas.
E então, de quem é o 4,5G?
Segundo a Anatel, o LTE Advanced não é uma exclusividade da Claro e está sendo trabalhado também pelas outras operadoras. O nome como cada uma chama a tecnologia – seja 4,5G, 4G+, 4G Advanced, LTE A – é uma questão de marketing e que pode, sim, ser definida por cada uma delas.
A Vivo diz que tem 4,5G em 252 municípios? Trabalha com a junção das frequências para oferecer mais velocidade aos clientes? Então podemos considerar que ela oferece o tal 4,5G. No caso, o nome comercial que escolheram para a tecnologia é 4G+, apesar da menção de “4,5G” na última divulgação para a imprensa.
Ainda assim, a Claro afirma que o 4,5G é só dela. Já em uma coletiva de imprensa da Claro Brasil, realizada no final do ano passado e com a presença do Minha Operadora, o CEO da operadora móvel, Paulo Cesar Teixeira, havia aproveitado para ressaltar o feito e o foco na cobertura com o 4,5G.
“É importante explicar que o 4.5G é mais do que o carrier aggregation. Vemos concorrentes colocando que tem o 4G+ e 4G Plus pelo carrier aggregation, mas isso todos têm”, disse na coletiva. Para o executivo, o que faz a tecnologia da Claro ser diferente é o uso das funcionalidades MIMO 4X4 e 256QAM, que podem chegar já comercialmente para os clientes, com velocidade de 1Gbps por segundo.
Quando lançaram a tecnologia, executivos da Claro fizeram alguns testes comprovando o funcionamento do 4,5G, como mostra o vídeo abaixo:
Depois da última expansão no início de 2018, o 4,5G da Claro passou a ficar disponível em 19 capitais brasileiras e para aparelhos como Samsung Galaxy S8, Moto Z2 Force, LG G6, Sony ZX Premium e iPhone 8 e X, da Apple.
Entendemos, então, que assim que as operadoras buscam oferecer um 4G com mais rapidez no celular de seus clientes, elas já estão explorando o LTE Advanced. Algumas com mais impacto, como a Claro, outras com menos frequências e redes ou com foco em outro tipo de tecnologia, como é o caso do VoLTE também da Vivo.
Certamente, nem todas vão oferecer a mesma qualidade em 4G, nem em comparação uma com a outra e nem comparando a própria base de clientes, já que a entrega irá depender também do aparelho e de onde moram. Por aqui, continuaremos atualizando a expansão dos municípios cobertos pela Claro e pela Vivo, de acordo com as informações enviadas pelas operadoras.
E se você é cliente, vale a pena checar com a operadora se em sua região já pode aproveitar a velocidade do 4,5G. Por fim, os consumidores é que poderão comprovar se a maior velocidade de dados disponível antes do 5G já saiu do papel e foi, finalmente, para a tela do celular.