Após aliança entre Oi e Sonangol, engenheira tem sofrido pressão para deixar a direção da empresa de telecomunicações angolana. |
Os dias da empresária angolana Isabel dos Santos à frente da empresa de telecomunicações Unitel podem estar contados. Nos bastidores do setor, jornalistas e economistas consideram que a situação dela é bastante complexa e até frágil.
Caso Santos deixe o Conselho de Administração, ela perderá a influência que detém junto aos parceiros. Se ficar, terá que ser transparente em relação aos ativos e passivos que a empresa construiu desde a sua fundação.
A Unitel S.A. é uma empresa da Angola prestadora de serviços na área de telecomunicações móveis (telefonia celular), tendo sido a primeira a operar com a tecnologia GSM no mercado angolano. O Grupo Oi detém uma participação de 25% na Unitel.
Informações preliminares dão conta que a Oi se aliou a Sonangol e juntas passam a deter 50% das ações. Após essa aliança, pairou sobre a engenheira Isabel dos Santos uma pressão para que abandone o Conselho de Administração.
O especialista em regulação Miguel Vieira disse ao portal de notícias Voa Português que muito dificilmente Isabel dos Santos vai ceder em abandonar a direção da Unitel, onde firmou a sua influência.
Já o especialista em macroeconomia Galvão Branco entende que seria bom que a Unitel deixasse de ter o aspecto monopolista e fosse mais aberta.
VIU ISSO?
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“Se a engenheira Isabel dos Santos pretende assumir a participação na Unitel que eventualmente a Mercury pela Sonangol vai disponibilizar, é bom que o faça no quadro das regras a serem estabelecidas pelo accionista principal, eu acredito que não haja interesse em constituir-se uma situação de quase monopólio”, explica Branco ao Voa Português.
No entanto, ele considera que “a Unitel deve ter um leque mais alargado possível de acionista”.
O economista vê com bons olhos a sua cotação em bolsa porque, nesse caso, “qualquer cidadão pode adquirir pequenos activos”.
O confronto entre a Oi e a empresária angolana é antigo. Em abril deste ano, a Oi acusou Isabel dos Santos de impedir o pagamento de dividendos da Unitel e de criar uma empresa nas Ilhas Virgens Britânicas que, segundo os advogados da Oi/PT Ventures, podem configurar a prática de gestão lesiva para a Unitel.
Na ação que ainda está em andamento, a Oi reclama 665 milhões de euros que corresponde ao peso da participação financeira da empresa e o valor dos dividendos por receber desde 2011.