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Com o fim da parceria, a Veek precisou fazer alterações na forma como está vendendo seus serviços. |
A trajetória da operadora Veek começou em 2016. Neste ano foi anunciado que uma nova operadora móvel virtual (MVNO) passaria a atuar no Brasil, tendo como foco o público jovem da classe C.
O projeto só saiu do papel em 2017, mais precisamente no final de junho. Para que fosse implementado, como se trata de uma MVNO, a Veek teve que escolher qual operadora estaria na retaguarda em relação aos aspectos técnicos para a cobertura. A escolhida foi a TIM, baseada em um contrato com uma outra empresa, a Surf Telecom, que é uma MVNE (Mobile Virtual Network Enable), isto é, ela atua habilitando e credenciando empresas que possam oferecer serviços de telefonia.
No entanto, a parceria foi interrompida. O Minha Operadora recebeu recentemente o relato de um leitor, que é cliente da Veek. Ele declarou que entrou com uma queixa no Procon Municipal de Belo Horizonte/MG contra a Veek e a Surf Telecom devido a problemas na recarga desde janeiro/2019 e referente às mais de 20 panes de rede registradas em 2018 nas áreas que frequenta.
Foi realizada uma audiência no dia 12/04, e um representante da operadora esclareceu nos autos os seguintes pontos:
– A Veek foi descredenciada pela Surf Telecom;
– Desde o dia 19/01 que a Surf Telecom bloqueou a API de recargas da Veek pelo aplicativo
– A Veek não está mais distribuindo e entregando chips
– A Veek entrou com recurso junto à Anatel solicitando que a Surf Telecom volte a atendê-los e que os serviços bloqueados sejam liberados.
Entramos em contato tanto com a Surf Telecom quanto com a Veek. Até o fechamento desta matéria recebemos apenas o posicionamento da operadora.
A Veek confirmou que foi descredenciada pela Surf Telecom e que sua API foi bloqueada. Consultamos o site da Surf Telecom, e, realmente, o logo da Veek não aparece mais na lista de MVNOs que a companhia atende.
A Veek fala de um desalinhamento comercial e estratégico com a Surf, porém ressalta que as recargas via app estão disponíveis, via transferência e depósito.
VIU ISSO?
Parte, disto que a Veek chama de desalinhamento comercial, passa pelo fato da Surf Telecom adotar novas estratégias, como uso de pontos físicos e um sistema usado pelos Correios para recarga.
“Como nascemos 100% digitais e não achamos que estes serviços sejam os melhores e mais adequados ao nosso público, começamos a procurar uma nova parceira para a Veek”, esclarece a operadora em nota.
A Veek também comentou sobre o recurso na Anatel:
“Em decorrência deste desalinhamento no modelo de recargas, sempre visando o atendimento aos nossos clientes, entramos com uma reclamação na Anatel que julgou procedente o pedido da Veek e estabeleceu uma multa diária à Surf.
A partir disto, tanto a Veek quanto a Surf, resolveram não dar continuidade à parceria e foi dado a entrada num pedido de descredenciamento com prazo de 6 meses para a transição.
A nossa preocupação é com nossos clientes, então estamos focados na agilidade desse processo e em breve anunciaremos nosso novo parceiro comercial”.
Agora a grande questão que fica é: como anda a relação da Veek com seus consumidores em meio a essa turbulenta transição? No ano passado a operadora ultrapassou a marca de 50 mil assinantes.
É comum encontrar no Twitter relatos de clientes expondo diversos problemas em relação aos serviços da operadora. Pra entender melhor a situação, conversamos com Ítalo Soares cliente Veek há 8 meses.
Soares diz que, no geral, tem tido uma boa experiência, e que consegue ter qualidade de serviço igual a da sua outra operadora, porém, gastando menos. Evidente que ele também cita alguns problemas, como por exemplo, o sinal. Ele também é cliente TIM, e diz que o sinal não costuma ser tão bom quanto sua outra linha, mesmo assim ele considera a Veek boa nesse aspecto: “nunca me deixa na mão”, diz ele.“A opção de recarga via débito e crédito está fora do ar há meses e sem previsão de retorno. Forçando os clientes a usarem a função de recarga por transferência, que é super lenta (demora por volta de 1 semana até a recarga cair) e só funciona com alguns bancos”, pontua o consumidor.
Soares também cita que o aplicativo é meio lento, e que as opções de recarga já foram melhores, já que reduziram a a quantidade de valores disponíveis. “O valor mínimo é R$ 20. Uso bem pouco minha linha, então um valor menor seria bem vindo”. A falta de parceria com certos aplicativos, na visão de Soares, também é um problema. “A falta de parceira com apps como o PicPay, Recarga Pay e Mercado Pago fazem um pouquinho de falta. Por conta dos cashbacks”.