Uma pesquisa da consultoria Oliver Wyman com oito mil consumidores de oito países (Brasil, Canadá, Estados Unidos, Espanha, França, Alemanha, China e Inglaterra) revela que os indivíduos estão abrindo mão de hábitos de consumo para aumentar gastos com smartphones e serviços de telefonia.
No Brasil, onde o levantamento ouviu 1.021 consumidores, 63% dos indivíduos com menos 35 anos declararam estar dispostos a sacrificar um ou mais hábitos de consumo para garantir gastos com smartphones e contratos com operadoras. Entre os indivíduos com mais de 35 anos, o índice foi de 44%.
A amostra brasileira foi composta por 52% de mulheres e 48% de homens, divididos em grupos de 18 a 24 anos (15%), 25 a 44 anos (48%); 45 a 54 (21%); e 55 a 65 anos (16%).
O recorte brasileiro do estudo mostra que a maioria dos consumidores cortaria despesas com academia (52%), alimentação fora de casa (53%) e compra de roupas (52%) para gastar com celular e operadoras. Até mesmo as reservas para o futuro perderiam para as despesas com telefonia móvel, de acordo com 51% da amostra.
Quanto mais jovem, maior a disposição em sacrificar hábitos de consumo em favor do celular. 71% dos jovens entre 18 e 24 admitem abrir mão de comer fora de casa, 72% deixariam de comprar roupas, 67% deixariam de viajar e 69% sacrificariam reservas para o futuro para sustentar gastos com celulares.
Para 43% dos indivíduos ouvidos no Brasil pelo levantamento, o celular é parte indissociável de suas vidas e usam o aparelho do momento em que acordam até a hora em que vão dormir.
Para 49%, o aparelho é uma necessidade e é usado para chamadas de voz, mensagens e necessidades básicas do dia a dia, como checar notícias e as condições do clima . Apenas 8% da amostra descrevem o aparelho como uma mera ferramenta para chamadas e mensagens.
O estudo também mostra que 42% dos entrevistados compartilham com outras pessoas as decisões de escolhas dos serviços de telefonia móvel, 41% dizem ser o único a decidir e 12% afirmam estar sempre abertas para ter uma ajuda na definição da escolha.
Outro recorte do estudo aponta que os serviços de telefonia passaram a ter prioridade no orçamento dos consumidores porque para 51% os smartphones são uma necessidade, 35% o consideram a “sua vida” e 14% dizem ser uma ferramenta essencial.
Qualidade x Preço
Para 73% dos brasileiros ouvidos pelo levantamento da Oliver Wyman a qualidade dos serviços é o item mais importante em uma empresa de telecom. O custo do serviço vem em segundo lugar (14%), seguido por oferta de dispositivos (7%), oferta de aplicativos (5%) e oferta de conteúdo (2%).
Experiência com os serviços
Quando perguntados sobre quais experiências mais relevantes que estariam associadas aos serviços prestados pelas operadoras, 63% citaram a conexão com os familiares, 55% apontaram os serviços disponíveis em todos os momentos, 52% indicaram preferência por entretenimento, 46% disseram otimizar o seu tempo com as soluções digitais e 35% valorizam as experiências de controlar a sua residência à distância com dispositivos inteligentes.
Consumidor quer transparência
A pesquisa da Oliver Wyman também avaliou o que o brasileiro melhoraria em sua operadora, além do preço. A resposta mais citada diz respeito à qualidade dos serviços (cobertura e velocidade de internet), seguida por serviço de atendimento ao cliente por telefone, mais transparência nas cobranças da fatura e menos complexidade nos cálculos das tarifas e ofertas.
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Sobre empresas que fornecem serviços de tecnologias móveis ou de internet: 39% disseram preferir adquirir serviços da Apple e Samsung, 30% citaram a atual operadora de celular e 16% comparariam de outras empresas de tecnologia como Google e Facebook.
Estar conectado é a quarta prioridade frente a outras atividades
A pesquisa também procurou identificar prioridades do dia a dia dos consumidores. Para os brasileiros, passar o tempo com amigos e familiares ocupa o topo do ranking de preferências (49%), seguida por praticar esporte (11%), viajar (12%). Estar conectado por meio de um celular é a quarta prioridade para o conjunto dos ouvidos no levantamento (9%).
Brasileiros preferem combos
Em relação aos modelos de contratos das operadoras, segundo o levantamento da Oliver Wyman, 50% tem preferência por pacotes de serviços. Para 33% é importante comprar todos os serviços de um único fornecedor e 18% dizem estar dispostos a pagar um pouco mais pela conveniência de um pacote.
Confiança em armazenamento de dados
O estudo avaliou também a confiança em empresas que armazenam dados pessoais dos indivíduos. Neste quesito os bancos levaram a melhor. A maioria (34%) confia em seu banco em relação à proteção de seus dados pessoais. O índice cai em relação às empresas de tecnologia: apenas 16% dizem confiar na Apple, 14% no Google, 13% na operadora de telefonia móvel, 11% no Facebook e 10% na Amazon.
Personalização de serviços
O levantamento da Oliver Wyman também avaliou como os brasileiros se sentem em relação a armazenar seus dados em troca de personalização de serviços. 59% dos 1.021 entrevistados estão dispostos a fornecer dados pessoais para este fim. Quando se avalia essa tendência por faixa etária, 73% dos adultos de 25 a 34 anos aceitam compartilhar as suas informações e 71% dos jovens de 18 a 24 também concordam. Os entrevistados de 35 a 44 (59%) e 45 a 54 (50%) também estão abertos à prática. O índice cai para 43% entre os adultos de 55 e 65 anos.
Violação de dados preocupa brasileiros
O levantamento analisou também a preocupação dos consumidores em relação aos seus dados pessoais. Embora elogiem as inovações, 47% se dizem um pouco assustados com possíveis violações de dados sobre saúde, 46% se preocupam com invasões aos dispositivos domésticos conectados à rede e outros 41% são receosos com as inovações da inteligência artificial.
De acordo com a Oliver Wyman, grande parte dos consumidores se diz admirada com as inovações do setor de telefonia. 61% cita as tecnologias de terceira geração, 54% a realidade virtual, 50% enfatiza a realidade aumentada e 50% os sistemas de segurança.