Clientes de planos pós-pagos devem se tornar maioria no país neste ano.
O Brasil está entre os maiores usuários de internet via celular no mundo e tem um dos mercados mais competitivos de serviços móveis, associado ainda a uma expansão expressiva das redes 3G e 4G, que já está presente em 4.854 municípios, onde moram 97% da população.
Nos últimos anos, foi possível perceber uma grande mudança no perfil do usuário de telecomunicações no Brasil, que tem buscado cada vez mais planos que ofereçam melhores ofertas de conectividade.
Essa mudança no perfil de uso pode ser verificada no percentual de dados na receita da telefonia móvel, que passou de 14% em 2010 para 77% em 2019.
Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o aumento no uso da internet tem promovido uma importante migração de clientes pré-pagos para os planos pós-pagos.
“Com o aumento da essencialidade do acesso à internet, os usuários têm buscado os planos pós-pagos que oferecem preços mais atrativos para o acesso à internet do que os planos pré-pagos”, afirmou a agência.
Em dezembro de 2010, por exemplo, mais de 82% dos telefones celulares no Brasil funcionavam com planos pré-pago. Já em março deste ano, o mercado está praticamente empatado, tendo uma base de 50,51% usuários pré-pagos e 49,49% pós-pagos.
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O início da queda
O reinado do pré-pago começou a ruir a partir de 2015, sendo acelerado, principalmente, pela crise econômica-política que impactou o país, além da grande popularização do WhatsApp no Brasil.
Outro fator para a queda do pré-pago foi a redução nas taxas de interconexão, promovida pela Anatel. Isso possibilitou que as empresas começassem a ofertar planos que permitiam realizar ligações para qualquer celular do Brasil, mesmo que o número pertencesse a uma operadora rival.
Tal movimento reduziu o “efeito clube”, no qual as pessoas têm chips de mais de uma operadora, para aproveitar as promoções para fazer ligações para amigos e familiares da mesma operadora.
“Ao reduzir a quantidade de chips, os usuários estão também concentrando seus gastos em uma mesma operadora e migrando para planos controle e pós-pago” explicou Eduardo Tude, diretor da consultoria Teleco.
Vivo
Atualmente, a Vivo é a operadora que mantêm o maior número de acessos móveis de clientes pós-pago (43,7 milhões), seguido da Claro (28,3 milhões), TIM (21,7 milhões) e Oi (12,5 milhões).
A Vivo também possui a maior base de clientes pré (31,3 milhões). Após, aparecem TIM (31,2 milhões), Claro (26,8 milhões) e Oi (24,1 milhões).
Segundo dados da Anatel, em março deste ano, 58,50% dos clientes móveis da Vivo utilizavam planos pós-pago e 41,50% pacotes pré-pago. Desde abril de 2018, a maior parte dos seus clientes preferem contratar planos pós.
Escolhendo a cidade de São Paulo como base, na modalidade pré, a Vivo tem oferecido planos com validade de 7 e 15 dias, além de franquia de dados de até 4GB. A oferta inclui WhatsApp ilimitado (incluindo ligações), SMS à vontade, bônus em recargas e ligações para celulares e fixos de qualquer operadora do Brasil, usando o 15.
No Controle, existem planos de até 5GB, que além de WhatsApp, ligações e SMS ilimitados, também oferecem navegação sem descontar da franquia em aplicativos de mobilidade. Existe, ainda, a opção de incluir uma franquia extra de dados para outros apps como Twitter, Facebook, Messenger, entre outros.
No Pós, a operadora tem oferecido a modalidade individual (a partir de 16GB) e a familiar (iniciando com 30GB), este último permitindo compartilhar a internet com dependentes.
No pós-pago família, a operadora também oferece uma franquia extra (a mesma da contratada), para usar exclusivamente com aplicativos da Netflix, Spotify, Youtube, Vivo TV, entre outros.
Outra opção é o Vivo Easy, considerado um plano pós alternativo, no qual cliente pode contratar franquia de dados que não expira, além de diárias para fazer ligações ou utilizar aplicativos. O plano é totalmente digital, sendo contratado e administrado pelo celular.
Claro
Em dezembro do ano passado, o número de usuários pós-pago da Claro superou os pré. Em março, a relação já estava em 51,45% para acessos pós e 48,55% para o pré.
Nos últimos meses, a Claro tem oferecido generosos bônus aos clientes que fazem a portabilidade para a operadora, dobrando a franquia contratada no plano.
No Prezão, da Claro, existem planos semanais (1GB) e mensais (3GB), com ligações ilimitadas para qualquer operadora do Brasil, WhatsApp ilimitado, além de navegação sem descontar da franquia dos serviços Claro Video, Claro Música, Claro Notícias e NOW.
Também existe um plano pré-pago diário, que permite ligações ilimitadas para números da Claro e WhatsApp sem descontar da franquia de 100 MB.
No controle, os planos apresentam até 5GB, também contam com ligações e apps ilimitados em redes sociais.
No pós, com planos de até 100GB, a operadora tem oferecido roaming internacional e aplicativos com assinaturas de serviços inclusas em sua oferta.
A Claro também possui um plano digital, o Claro Flex, que oferece internet e aplicativos para navegar ilimitado mediante de um pagamento mensal, com franquias de até 10GB.
TIM
A maior parte dos clientes móveis da TIM ainda estão no plano pré-pago (58,97%). A base pós está crescendo a uma velocidade menor do que as outras operadoras, mas já alcança 41,03%.
Se a tendência continuar nos próximos meses, os clientes pós da operadora podem ultrapassar os pré ainda neste ano.
Diferentemente das outras operadoras, os planos pré-pago da TIM oferecem navegação ilimitada não apenas no WhatsApp, mas também Facebook, Twitter e Messenger, o que por si só poderia explicar porque eles ainda são mais atrativos do que as opções pós.
Os planos pré de duas, três ou quatro semanas, tem franquia de até 4GB, além de bônus de madrugada, para usar de 00h às 6h. Assim como outras operadoras, as ligações são ilimitadas.
Nos planos Controle, de até 5GB – mas elegíveis para bônus de internet -, o WhatsApp, Messsenger, Telegram são ilimitados. Entretanto, dependendo do plano escolhido, o Facebook, Instagram e Twitter são grátis por apenas 3 meses.
Já os planos pós são representados pelos TIM Black e TIM Black família. No plano individual há planos a partir de 10Gb, com franquia extra para assistir vídeos em serviços parceiros. O pacote também inclui a assinatura do serviço de música Deezer.
Por enquanto, o TIM Black família, com opções de até 180GB de internet, é o único pós que oferta a assinatura padrão Netflix inclusa na mensalidade.
Na categoria planos alternativos, o TIM Beta oferece pacotes diários, semanais e mensais, com até 20GB, incluindo a assinatura no TIMusic by Deezer.
Oi
Os usuários pós-pago da Oi ainda estão longe de ultrapassar os clientes pré. Em março, 65,90% da base móvel da operadora tinha pacotes pré e apenas 34,10% planos pós.
A Oi merece destaque por oferecer planos pré de até 8GB, na cidade de São Paulo, com validade mensal e com preços menores que as operadoras concorrentes. Os pacotes incluem, ainda, WhatsApp e Messenger liberados, bem como ligações ilimitadas para todo o Brasil.
Nas ofertas Controle e Pós, os planos iniciam com 6GB e vão até 100GB. Todos incluem Messenger e WhatsApp sem gastar a franquia. A navegação gratuita no Facebook, Instagram, Youtube, Netflix, dependerá do plano contratado.
Aqui, novamente, o menor preço dos planos também é destaque. Talvez, o único ponto negativo seja a baixa cobertura móvel da Oi, em relação às outras empresas.
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O futuro do pré-pago
Se seguir a tendência atual, o acesso pós-pago deverá assumir a dianteira no ranking nos próximos meses e deverá ampliar cada vez mais a sua distância em relação ao pré-pago.
Entretanto, Eduardo Tude não acredita que a modalidade pré-paga vai desaparecer. Para ele, ainda existem muitas pessoas no país que não podem assumir o compromisso de pagar um valor mensal de um plano de telefonia.
Já Marcos Ferrari, presidente-executivo do SindiTelebrasil, salienta que não é possível fazer previsões para um cenário de longo prazo.
“Este é um mercado muito dinâmico, em que a tecnologia evolui muito rapidamente, mas o percentual de pré-pago ainda é consideravelmente importante no país”, diz Ferrari.
Os planos pré-pago ainda são atrativos para muitos brasileiros, por ajudar a manter baixos os custos com telefonia, principalmente, em um cenário de incerteza econômica.
Eles permitem maior flexibilidade para o consumidor, além de não precisar de contratos ou verificação de crédito.
Portanto, se economizar dinheiro é mais importante do que maximizar dados, ainda é possível recorrer a boas ofertas das operadoras, encontrando os melhores planos pré que atendem ao perfil de consumo do usuário.