Analistas acreditam que valorização dos papéis ocorrerá conforme a venda da Oi Móvel se aproxima.
Na noite desta terça-feira 8, durante Assembleia Geral de Credores (AGC), foi aprovado o novo aditamento ao Plano de Recuperação Judicial (PRJ) da Oi (OIBR3 / OIBR4), que prevê o fatiamento da empresa em operações distintas para posterior venda dos ativos. Apesar da boa notícia para a companhia, o mercado parece não estar entusiasmado com a novidade.
As ações da Oi abriram em alta nesta quarta-feira, 9, mas pouco depois das 10h da manhã elas começaram a despencar. No momento do fechamento desta matéria, às 15h40, as ações ordinárias apresentam queda que 2,69% (R$ 1,81) e as preferências 3,64% (R$ 2,91).
De acordo com um relatório publicado ontem pela Ágora Investimentos, antes da aprovação do aditamento, a alta nas ações da Oi deve ocorrer conforme avança o processo de venda dos ativos da Oi Móvel.
A consultoria lembrou que a possibilidade da reestruturação da empresa já vem valorizando os papéis da Oi nas últimas semanas. Ao comparar o último pregão de 2019, quando as ações fecharam em R$ 0,86 e os R$ 1,84, encerrado na última sexta-feira, 4, foi possível ver uma valorização de 114%.
A Ágora afirma que os papéis da companhia ainda podem subir mais 14%, atingindo um preço-alvo de R$ 2,10.
Por sua vez, as ações da TIM (TIMP3) e Vivo (VIVT3 / VIVT4) estão em alta. Em conjunto com a Claro, a proposta das três operadoras foi anunciada como stalking horse no processo de compra dos ativos móveis da Oi. O sinal verde da AGC só fez os papéis dispararem.
As 15h40 as ações da TIM apresentavam alta de 2,13%, com os papéis sendo negociados a R$ 15,31.
Já a Vivo, as suas ações ordinárias apresentavam alta de 2,13%, valendo R$ 50,25, e as preferenciais valorizando 2,29%, alcançando R$ 50,05.
A Claro não tem ações negociadas na Bolsa brasileira. No entanto, os papéis da America Movil (AMX), controladora da Claro no Brasil, na Bolsa de Valores de Nova York, estão em alta de 2,84% valendo US$ 12,33 (R$ 65,25)
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Aprovação do novo adiantamento
Sob protestos do Itaú, Caixa e Banco do Brasil, a maioria dos credores (formada por sócios de empresas e pequenos credores) aprovaram a proposta de reestruturação da Oi.
As instituições financeiras alegam que no antigo plano, os credores receberiam seus créditos parcelados em nove anos, a partir de 2022, quando a Oi passaria a pagar os juros. Porém, no plano atual, após a Oi Móvel ser vendida, haverá um desconto de 60% sobre o valor total.
Os bancos também alegam que a assembleia concedeu direito de voto aos fundos de investimentos, dizendo que eles deixaram de ser credores quando aceitaram trocar dívidas por ações. A questão está em discussão na justiça.
É válido lembrar que o primeiro plano de recuperação, em 2017, também enfrentou grande resistência dos bancos.
O aditamento ao Plano de Recuperação Judicial (PRJ) será submetido à homologação do Juízo da 7ª Vara Empresarial da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro, de acordo com os termos da legislação.
“A Diretoria acredita que o Aditamento ao PRJ aprovado atende a todas as partes interessadas de forma equilibrada e garante a viabilidade operacional, maior flexibilidade e eficiência financeiras e a sustentabilidade das Recuperandas, com a execução do Plano de Recuperação Judicial e do Plano Estratégico de Transformação, o reposicionamento da Companhia e a criação de valor para todos os seus stakeholders”, afirmou a companhia em comunicado ao mercado.
Início da crise
Um dos estopins apontados para a crise na operadora começou em 2013, quando ocorreu a fusão entre a Oi e a Portugal Telecom. A operação envolveu a transferência de ativos entre as duas empresas para criar uma nova empresa. Porém, no ano seguinte, uma crise entre sócios fez o negócio desandar.
A Oi entrou em recuperação judicial em junho de 2016, após acumular uma dívida bruta de R$ 64 bilhões com cerca de 55 mil credores.
Em dezembro de 2017, um plano foi proposto que previa a redução da dívida para R$ 36 bilhões, a partir de descontos, parcelamentos e conversão de créditos em ações.
Já o aditamento aprovado nesta terça-feira prevê o fatiamento da Oi em cinco empresas distintas para sua posterior venda e quitação de suas dívidas.
A Oi Móvel já está em negociações avançadas com a Claro TIM e Vivo, recebendo um valor mínimo de R$ 16,7 bilhões pelos ativos. Porém, o negócio ainda pode sofrer forte resistência no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Também é previsto a venda de 637 torres de telefonia por R$ 1,67 bilhão, cinco data centers avaliados em R$ 325 milhões e as operações de TV por assinatura, em R$ 20 milhões.
Já o negócio de fibra óptica, carro-chefe da Oi, espera-se vender até 51% das operações, passando o controle para um novo sócio e levantando um valor mínimo de R$ 20 bilhões.
Com informações de Money Times e Folha de São Paulo.